Vera: Bolsonaro e Salles são culpados pelo aumento do desmatamento na Amazônia

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2019 08h23 - Atualizado em 19/11/2019 08h30
Marcos Corrêa/PR Política ambiental do atual governo é um fracasso com sucessão de erros

O desmatamento na Amazônia subiu 29,5% entre 1º de agosto de 2018 e 31 de julho de 2019, registrando sua mais alta taxa desde 2008. Os dados, analisados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), confirmam análises anteriores, que indicavam aumento desenfreado no desmatamento da floresta neste ano, sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Os dois são os maiores culpados pelos números – e precisam assumi-la, já que, desde o começo do ano, ignoram as evidências numéricas, empíricas, baseadas em dados de satélite e do próprio governo – o Inpe é subordinado ao governo federal – de que isso estava acontecendo. O órgão, que tem reconhecimento mundial, foi, inclusive, descreditado e estigmatizado por Salles e Bolsonaro, que fizeram questão de atacar a trajetória e reputação de um instituto que é científico e tem uma grande história em razão, apenas, de uma ideologia e de fugir da realidade

Assim, enquanto ficaram meses negando o óbvio – que o desmatamento avançava sem controle na Amazônia – e sem fazer nada para deter o problema – o exército entrou em cena muito tardiamente, já quando os incêndios se somavam às evidências de desmatamento -, os números subiam drasticamente e o governo tentava utilizar dados alternativos, jamais acreditados pela comunidade científica.

O diretor do Inpe, Ricardo Galvão – um cientista com reputação, foi humilhado publicamente por Salles e Bolsonaro, demitido e exonerado com humilhação publica após mostrar sua indignação pelo que estava sendo feito com a entidade. Ele fazia um trabalho baseado em dados, e não em ideologia, e está aí o resultado de seus avisos: 30% de desmatamento em um ano.

Após a divulgação dos números, nem Salles pode continuar com seu negacionismo habitual: teve que admitir o óbvio, que poderia ter sido mitigado, mas não foi por questão ideológica. Uma coisa é você ideologizar a questão do meio ambiente à esquerda, o que não nos leva a lugar nenhum, e a outra é fazer o mesmo à direita, negando o óbvio, número e estatísticas, e colocando o Brasil em uma posição muito delicada.

Isso porque, além dos ataques contra o Inpe e seu diretor, o governo também fez pouco caso do Fundo Amazônia, que é o único recurso propriamente voltado para a preservação daquele bioma, e que é um dinheiro dado pela Alemanha e pela Noruega – que ainda estamos ameaçados de perder. Tudo porque Salles e Bolsonaro decidiram mudar o destino dos recursos, que tinham um fim muito bem estabelecido e planejado por um conselho de recursos, ao contrário do que disseram – eles quiseram falar que as ONGs comandavam tudo, mas não.

Em qualquer empresa privada, um resultado dese teria sido o suficiente para que o gestor da área tivesse, no mínimo, que se explicar – com risco de ser demitido. Isso somado ao vazamento de óelo no Nordeste nos faz pensar o que o governo Bolsonaro acha que vai mostrar para o mundo em termos de política ambiental, que é um fracasso e um suceder de erros anunciados e tomados por livre e espontânea vontade dos gestões.

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