Vera: Bolsonaro volta a intervir em órgãos que ameaçam sua vida pessoal

  • Por Jovem Pan
  • 16/08/2019 08h07 - Atualizado em 16/08/2019 09h28
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Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo Afastamentos podem beneficiar o filho do presidente, Flávio Bolsonaro

Ao anunciar, nesta quinta-feira (15), que trocaria o superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) volta a fazer uma interferência bastante indevida em um órgão que deve ter autonomia para desempenhar suas funções e que deve servir ao Estado, e não ao governo de turno. Além do comandante da PF, o chefe da Receita Federal no Rio também deve ser exonerado a pedido do presidente que, segundo a revista Crusoé, determinou o desligamento após o chefe se recursar a nomear delegados estaduais indicados pela família Bolsonaro.

As mudanças renovam a impressão ruim que causam essas intervenções: isso porque é no Rio de Janeiro que está aberta uma investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente, que está suspensa graças ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas que deve ser retomada para investigar o uso de laranjas em seu gabinete, rachadinhas nos salários de funcionários, além de questões que podem vir das finanças de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz. Para além disso, é também no Rio que correm as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco, que parece estar ligada à milícias que já circularam pelo gabinete de Flávio.

A troca do chefe da PF por alguém enviado pelo presidente, passando por cima da cúpula, é uma prática absolutamente indevida que, se fosse feita pelos ex-presidentes Michel Temer ou Dilma Rousseff, sofreriam uma enxurrada de críticas da ala bolsonarista nas redes sociais, mas agora tem um silêncio complacente e envergonhado.

E essa não é a primeira vez: antes disso, Bolsonaro já havia deixado em sua mira o presidente do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) – que também investiga Flávio -, além de ter afastado, por exemplo, o fiscal do Ibama que o multou há alguns anos, o que quer dizer que isso está virando uma prática. O presidente está normalizando a intervenção em órgãos de controle e fiscalização o que, na verdade, não é normal e nem aceitável em uma república, e deve ser rechaçado por todos que desejam que a inconstitucionalidade prevaleça sobre as questões pessoas de cada um.

 

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