Vera: Governo enfrenta duplo teste e recebe recado claro das ruas
O Governo enfrentou duplo teste: nas ruas e na Câmara, e se segura nos 30 para se manter de pé.
Nas ruas, recebeu recado claro de que as manifestações foram grandes, generalizadas, se estenderam para além da esquerda, e maiores do que aquelas que os opositores promoveram contra o impeachment de Dilma Rousseff e no “Ele Não”. Os atos foram maiores do que os opositores stricto sensu do presidente.
Na Câmara, o ministro da Educação conseguiu se equilibrar. Ele foi beneficiado pelo fato de que deputados mais faziam discursos do que perguntas. Era uma espécie de “diálogo de surdos” com algumas querelas ideológicas e alguns pontos de falta de lucidez de deputados.
Quanto às manifestações de rua, a coisa mais lamentável foi a fala de Jair Bolsonaro que chamou os manifestantes de “idiotas úteis”. Ele subestimou protestos contra si.
Isso foi um erro e não é novidade no Brasil. FHC chamou aposentado de “vagabundos”, Dilma disse que protestos eram coisa da “varanda gourmet” e Bolsonaro, mais uma vez, fala o que lhe vem à cabeça e trata parte da população como sua inimiga como se ainda estivesse na campanha.
Manifestações de rua
Atos desta quarta-feira (15) foram motivados por pauta macro que era o corte na Educação, ou “contingenciamento” como prefere dizer o Governo.
Este, por ora, mobilizou estudante e professores na base da manifestação. Se isso se espraiar para manifestação contra o Governo, a gente pode comparar com protesto do impeachment.
Existem manifestações pró e contra o Governo marcadas para as próximas semanas. Isso mostra que estamos entrando em novo período em que as pessoas começarão a sair às ruas.
Problemas do Executivo
O Congresso é quase um campo minado. Uma das bombas é a tentativa do Governo de não quebrar a regra de ouro e, assim, não ser obrigado a quebrar a Lei de Responsabilidade Fiscal e não cometer “pedaladas”.
Não há garantias de que o Congresso dará tal refresco ao Governo, e há ainda Medidas Provisórias prestes a caducar.
Somado a isso, o contingenciamento na Educação – e a informação inicial dada por líderes – deixa a impressão no Congresso de que o Governo usa os parlamentares segundo suas conveniências.
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