Vera: Guedes e questões técnicas estão no centro do cancelamento de reunião da Previdência
Foram três os ruídos que impediram a realização, na manhã desta quinta-feira (27), da reunião da comissão especial da reforma da Previdência em que o relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) leria o novo texto da proposta, com suas modificações feitas. Além de questões técnicas que já vem se estendendo há algum tempo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, volta à berlinda da discussão.
Desta vez, o pecado do ministro foi desconhecer os meandros da política. Em uma reunião com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT) e o deputado federal Mauro Benevides Filho (PDT), Guedes voltou a fazer ataques ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele disse que, quando o Maia declarou que o governo era uma “usina de crises”, poderia ter respondido, então, que o Congresso é uma “máquina de corrupção”.
Além disso, Guedes também criticou as recentes falas de Maia em referência à pauta própria do Congresso Nacional para a agenda política e econômica brasileira.
Ambas as falas do ministro vazaram aos parlamentares, o que contribuiu para o cancelamento da sessão da Previdência marcada para acontecer hoje.
Questões técnicas
Para além das declarações de Guedes, outro fator decisivo para o cancelamento foi a questão da inclusão (ou não) dos estados e municípios no texto da reforma da Previdência, que foi retirado por Moreira na intenção de facilitar a aprovação do projeto tanto na comissão especial quanto no plenário. Isso porque a maioria dos deputados não queria fazer o “trabalho sujo” pelos governadores, evitando desgaste político.
Enquanto isso, governadores e prefeitos dizem que a inclusão ajudaria no trabalho de ajuste fiscal, dando mais uniformidade à União. Além disso, eles argumentam que a medida seria facilitadora, evitando que tenham que travar debates individuais no Congresso Nacional.
A libração de emendas para deputados também causou um breve ruído entre os parlamentares. Recorrendo ao que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sempre chamou de “velha politica”, os deputados que apoiam a Previdência precisam receber, a partir de hoje, R$ 10 milhões a mais em emendas. Pela manhã, o recurso ainda não havia sido liberado, o que fez com que eles recuassem.
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