Vera: Intervenção desastrada de Bolsonaro por policiais quase colocou em xeque aprovação da Previdência

  • Por Jovem Pan
  • 04/07/2019 08h05 - Atualizado em 04/07/2019 10h49
Fernando Frazão/Agência Brasil Possível acordo com policiais poderia ter sido entendido como privilégio

Quando parecia que tudo estava bem encaminhado para a aprovação da nova Previdência na comissão especial na Câmara dos Deputados, após uma tentativa bem sucedida do governo de voltar à marca de R$ 1 trilhão na economia e às manifestações populares pedindo pela reforma nas ruas no último domingo (30), uma nova polêmica protagonizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) protagonizou mais um impasse na tramitação do texto.

Nesta quarta-feira (3), um novo parecer do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) foi enviado, após um dia todo de debates sobre um possível acordo do governo com policiais federais, rodoviários e legislativos. Na terça-feira (2), a categoria protestou, chamando Bolsonaro de “traidor” e pedindo por regras mais amenas na aposentadoria.

Sensível à questão, Bolsonaro passou o dia todo, ontem (3), intervindo pessoalmente na questão. Mesmo contrariando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e sua própria equipe econômica, ele entrou com tudo na negociação: ligou para Moreira do celular do líder do governo no Congresso Nacional, Major Olímpio, para tentar uma solução que contemplasse os policiais.

Não deu certo: a categoria não aceitou a proposta do presidente, decisão muito comemorada pela equipe econômica, que ficou aliviada ao perceber que a reforma da Previdência já não corria mais risco. Isso porque a possível aprovação de um acordo seria um tiro no pé que poderia prejudicar toda a proposta, comprometendo não só o ganho fiscal do texto, que seria ainda mais desidratado, mas abrindo também uma porta para que todas as categorias de servidores públicos protestassem por regras mais amenas para si próprios.

A efetivação de um acordo seria entendida como uma concessão de privilégios, colocando em xeque todo o discurso em torno da reforma, que diz igualar as regras para todos. Agora, depois da intervenção desastrada de Bolsonaro, resta saber como o PSL, que tem uma bancada recheada de policiais e militares, vai se comportar com a decisão.

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