Vera Magalhães: Bolsonaro e Trump devem discutir alinhamento na questão da Venezuela
O principal interesse dos EUA na reunião entre Donald Trump e Jair Bolsonaro é obter alinhamento na questão da Venezuela. Os EUA não falam abertamente em alguma solução militar ao país vizinho ao nosso, mas querem deixar a possibilidade em aberto caso Nicolás Maduro insista em permanecer no poder.
O Brasil, por seu lado, não quer saída militar. Os militares brasileiros dizem que a intervenção se limitará ao reconhecimento de Juan Guaidó e fazer transição de forma pacífica.
Vamos ver em que ponto os dois presidentes chegarão nesta conversa.
O Brasil tem sido mais cauteloso e mais refratário a qualquer possibilidade de saída militar. Os EUA queriam mais proatividade do Brasil no convencimento a militares venezuelanos. Não sei se Brasil dará, ainda, este passo, que requer diplomacia fora dos canais oficiais. Isso teria de ser ação de bastidores de militares brasileiros, e não se sabe se eles concordarão com isso.
Na pauta econômica, Brasil quer apoio dos EUA para entrada na OCDE. Os escritórios norte-americanos, entretanto, não chancelam essa abertura. Para Trump, interessa ter um aliado incondicional como Bolsonaro vem sendo.
Poderia haver uma concessão extra de Trump ao Brasil para reforçar laços e alinhamento total que Brasil está tendo com os EUA.
A base em Alcântara ocorrerá, e outros pontos devem ser discutidos, como a taxação do etanol aos Estados Unidos e também para a entrada do trigo americano nos EUA com taxas menores.
No segundo dia de viagem, Jair Bolsonaro falou em duas ocasiões e também em reunião de investidores na Câmara de Comércio. Ele mesclou assuntos domésticos e da viagem e pauta ideológica com pinceladas de economia. Mas a pauta ideológica foi a tônica na maioria das falas.
O presidente brasileiro também exaltou a forma como foi recebido nos Estados Unidos e se vê alguém muito satisfeito e vocal em dizer que é uma nova era em que o Brasil apoia os EUA.
Nas questões domésticas, Jair Bolsonaro foi sincero ao dizer que não gostaria de fazer a reforma da Previdência, mas admitiu sua necessidade.
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