Vera Magalhães: Bolsonaro tem bloco de ministros que vai de ‘caricatos’ a ‘experts’
Nas transmissões de cargo foi possível conhecer o cartão de visita dos ministros e propósitos iniciais de cada um. Os discursos nada mais são que cartas de intenções, passos iniciais, e não necessariamente vão resultar em tudo que propõem, mas é bom para que a população conheça os novos nomes.
A gente vinha em ciclo político e social que era social-democrata, mas que não tinha muita mudança de matiz ideológica, agora temos Governo de viés conservador e liberal na economia, o que deve impactar diversos setores.
Destaco os discursos de pilares do novo Governo: Sergio Moro e Paulo Guedes. Moro fez fala mais rápida e concisa, já Guedes se estendeu mais.
Quando analisados em conjunto, eles representam ministros que terão muito poder em superministérios e que mostraram ter noções de quais são suas prioridades, noção de que é preciso delegar tarefas e, portanto, podem tirar do papel mais rapidamente os projetos.
Os dois cuidam de agendas importantes ao País e tidas como prioridades para os eleitores, o que ajudaram para que Jair Bolsonaro vencesse a eleição. Os dois tiveram um bom começo.
Por outro lado, o bloco do “Deus acima de todos” é composto por Ernesto Araujo (Relações Exteriores) e Damares Alves (Mulher, Família e dos Direitos Humanos). Nesses discursos não se ouviu direcionamentos claros e nem propostas de governo.
Ficou claro que há um bloco de ministros mais caricato e outro técnico e apurado composto de profissionais com expertises em diversas áreas.
Para implementar essa agenda ambiciosa, os ministros dependerão, em grande medida, da articulação política. Os projetos, como a reforma da Previdência, deve, ser apresentados em breve.
Nisso se deram alguns passos nesta quarta. Um deles foi o acordo para que o PSL, partido de Bolsonaro, apoie a reeleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara. A reforma da Previdência precisa de muitos votos, e Maia tem mais condições de que outro nome de partido menor faça com que a reforma seja acelerada.
O capítulo deste apoio do PSL a Maia é importante para destravar a agenda legislativa do Governo. Precisa fazer um arranjo igualmente funcional e inteligente no Senado.
O balão de ensaio de lançar Major Olímpio não é tão certo. Para vencer Renan Calheiros, é preciso alguém com mais conexões e capacidades de diálogos na Casa. É preciso saber operar o Senado também.
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