Vera Magalhães: Desafeto de Carlos Bolsonaro, Bebianno pode ser primeira baixa do Governo
A crise que se abateu no Governo, que parecia coisa de filho mais explosivo, virou a fritura de um ministro. A depender do que disse Jair Bolsonaro em sua entrevista à TV Record e o que martelou seu filho, Carlos Bolsonaro, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, tende a cair nesta quinta-feira (14). Bolsonaro determinou a abertura de inquérito o qual recomendou ao ministro Sergio Moro a tomar atitude e ser uma espécie de árbitro na briga e quem for flagrado voltará as suas origens.
Uma fritura assim não parece ser compatível com a manutenção de Bebianno no cargo de ministro da Secretaria de Governo. Ele foi chamado de mentiroso reiteradas vezes.
Ele, no entanto, disse que não pedirá demissão e que não sairá pela porta dos fundos do Palácio e começa a distribuir recados. Diz que foi graças a ele que candidaturas do PSL ocorreram e foi montada estratégia jurídica de defesa a determinados nomes eleitos.
O próprio Bolsonaro, depois de eleito, demonstrava gratidão a Bebianno. Mesmo com a antipatia de Carlos Bolsonaro, ele virou ministro graças à gratidão do pai. Mas com 15 dias de internação, a antipatia parece também ter sido impregnada no presidente.
O áudio do presidente Bolsonaro mostrou desdém com o ministro. Mas os desdobramentos ficam para esta quinta-feira (14).
Riscos da crise política
A origem desse episódio é mais antiga e diz respeito à antipatia entre Carlos e Bebianno. O estopim foi a denúncia da Folha de que existe um laranjal no PSL. São três casos. Luciano Bivar é o dono do PSL, mas cedeu a presidência a Bebianno como condição à campanha de Bolsonaro.Mes
mo as pessoas nos comandos de outros cargos eram ligadas a Bivar e não e Bebianno. Sobre o caso em Pernambuco, a ligação é com Bivar, mas isso está sendo ignorado porque Bebianno é o desafeto do filho do presidente.
O vazamento da conversa entre Jair Bolsonaro e Gustavo Bebianno deixou o setor de Inteligência de cabelos em pé. Os militares estão preocupados com a mistura entre família e Governo.
Em algum momento, Bivar será colocado no centro da crise. Por ora, Bebianno é o bode expiatório. A crise também deve se espraiar para o ministro do Turismo, por conta do mesmo caso do laranjal no partido.
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