Vera Magalhães: Em vez de cessar, crise entre Bolsonaro e Legislativo continua
Todo dia se diz que bombeiros entrarão em ação para conter a crise ente Jair Bolsonaro e o Legislativo, mas parece que está faltando água. Em Brasília, um governador me confirmou que conversou com Bolsonaro e que este disse que não havia mais crise com Rodrigo Maia.
Mas na segunda-feira (25), houve reunião entre Bolsonaro e seus ministros mais próximos, que disseram ao presidente de que era preciso cessar as brigas. No mesmo dia mais tarde ele retuitou um vídeo com críticas e ironias voltadas a Maia.
Na terça (26), houve a votação relâmpago na Câmara que foi recado ao Governo.
No dia seguinte (27), Bolsonaro voltou a dizer que não havia mais crise, mas alfinetou o presidente da Câmara, que possui relação familiar com Moreira Franco, que foi preso na última semana. Maia, entretanto, já disse que não tem nada a ver com a prisão e que está preocupado com suas filhas.
A crise, em vez de amenizar, está se fortalecendo.
Nesta quarta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mostrou que não tem apego ao cargo caso a reforma da Previdência não atinja seus objetivos. Isso gerou uma reviravolta na Bolsa e o dólar voltou a subir.
Bolsonaro volta à TV
Jair Bolsonaro voltou a conceder entrevista nesta quinta à TV Bandeirantes ara tentar amenizar sua imagem, mas isso só vai funcionar se ele tentar ampliar seu público e não falar apenas a seus convertidos.
Ele foi questionado sobre falar ao grande público, parar de brigar com o Legislativo, mas Bolsonaro voltou a criticar a mídia, fustigou Maia, disse que continuará com as lives, fez defesa da ditadura – mesmo com as chances dadas pela reportagem para que ele acertasse o tom do discurso.
Bolsonaro tem sido aconselhado por setores que querem arrefecer a crise. Mas ele insiste na comunicação para um nicho de convertidos altamente ideologizado, o que não resolve a situação com o Congresso e com boa parte da população.
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