Vera Magalhães: Marco Aurélio diz ter cumprido seu dever com decisão de soltar presos

  • Por Jovem Pan
  • 19/12/2018 15h45 - Atualizado em 19/12/2018 16h02
CARLOS MOURA SCO/STF Marco Aurelio Mello falou com Vera Magalhães após decidir pela soltura de presos condenados em segunda instância

Falando ao Jornal Jovem Pan, Vera Magalhães contou como foi sua conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello logo após ele decidir soltar presos condenados em segunda instância. Na rápida conversa, o ministro afirmou ter cumprido seu dever.

“Ele disse ter cumprido seu dever e que ‘nesses tempos estranhos, quis mostrar que ainda existe um Estado Democrático de Direito e uma Constituição”, relatou Vera.

Marco Aurélio ainda explicou que tomou a decisão para evitar que a pauta da prisão após julgamento em segunda instância fosse manipulada. “Ele afirmou que tomou a decisão para que a pauta não fosse mais solapada”, contou a jornalista. “Ele disse que a pauta não pode ser manipulada pelos presidentes do STF”, se referindo ao fato do ministro Dias Toffoli, atual presidente do Supremo, ter marcado a discussão do assunto para abril do ano que vem.

Na conversa, Mello também falou que não acredita ter ido contra a maioria de seus colegas, que já se mostraram favoráveis à prisão após condenação em segunda instância. “Ele citou que a maioria sempre foi muito tênue, ganhava por só um voto, e disse que houve um colega que evoluiu, se referindo ao Gilmar Mendes. Mas ele se esqueceu que a Rosa Weber fez o caminho oposto”, disse.

Para Vera Magalhães, a decisão de Marco Aurélio Mello cria uma grande instabilidade política dias antes da posse do novo governo. “A gente tem uma mudança em curso no país, faltam menos de duas semanas para a posse do futuro governo, e o Marco Aurélio acabou de acrescentar um componente de imprevisibilidade desnecessário”, afirmou.

Ela ainda destacou a irresponsabilidade do ministro em fazer a manobra. “Ele só estendeu a decisão para todos os presos em segunda instância para tirar os olhos do objetivo maior, que é soltar o Lula, ele só quis disfarçar um pouco a decisão. Ele ignora o fato que há presos que traziam o risco de evasões, destruição de provas, e de que todos os presos serão soltos, não só os condenados por corrupção”, explicou.

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