Vera Magalhães: Relação entre Executivo e Legislativo pode desgastar reforma da Previdência

Agência Brasil Enquanto a articulação não flui, o Governo corre riscos de a proposta de reforma da Previdência ser desidratada antes de sua votação

Um mês após o início dos trabalhos na Câmara e Senado, o saldo até agora da relação entre o Executivo e o Legislativo é negativo e resultado de início de tentativas é nulo até o momento. Negativo porque a única coisa que o Congresso votou foi o decreto sobre sigilo de documentos públicos. O Governo teve de revogá-lo. Na primeira votação secreta foi soado o alarme de que as coisas não vão bem entre Executivo e Legislativo.

Não vai bem, porque desde a campanha veio a condenação da política como prática. Conversei com influente ministro do Governo de Michel temer. Ele disse ter ouvido de um dos interlocutores de Bolsonaro de que o general Santos Cruz ficaria de olho nas emendas para que os congressistas não “roubassem”, mas Santos Cruz tem certa ojeriza à política.

Quando se conversa com parlamentares, eles têm medo do general Santos Cruz. Não ha um canal de comunicação entre o Governo e o Congresso. O Governo tentou nomear vice-líderes para ajudar na articulação, mas fracassou novamente.

Agora, para suprir a deficiência de Major Vitor Hugo na Câmara, o Governo nomeou Joice Hasselmann como líder no Congresso. Mas ela não está habilitada a falar sobre todos os assuntos. Isso mostra uma falta de senso do que é o parlamento, por parte do Governo.

Enquanto a articulação não flui, o Governo corre riscos de a proposta de reforma da Previdência ser desidratada antes de sua votação. Isso ocorre porque o Governo não conversou com líderes antes do envio da proposta.

O BPC (Benefício de Prestação Continuada) vem sendo questionado e é proposta de fácil captura pela oposição. O mesmo ocorre com a reforma dos militares, que por não ter sido enviada junto à reforma geral, enfraquece o discurso do Governo.

Confira o comentário completo de Vera Magalhães: