Vera Magalhães: Segundo turno entre extremos favorecerá quem tem menos rejeição
A pesquisa Ibope mostra Jair Bolsonaro consolidado em primeiro e intensa briga no segundo lugar. A saída do ex-presidente Lula fez movimentação grande no pelotão intermediário. Bolsonaro oscilou positivamente dois pontos, mas o pelotão do meio ganhou 10 pontos em relação a agosto.
O que mostra que isso é eleição para segundo turno. Muitos apoiadores de Bolsonaro se apoiaram nessa resistência e creem que ele sairá vitorioso já no primeiro turno, mas o Ibope traça um cenário de dois turnos e com ondas crescendo simultaneamente.
O voto de meio de campo começa a procurar substitutos para o voto que iria para Lula. Neste ponto, Ciro Gomes ganha vantagem. Ele é usufrutuário de voto lulista e ele vai bem entre órfãos do Lula, o que o faz crescer e empatar com Marina Silva.
O PT e PSDB parecem sofrer dos mesmos males. Eles apostavam que repetiriam a polarização que vigora na política desde 1994, mas depois da Lava Jato e impeachment, o Ibope mostra que repetir esse cenário está cada vez mais difícil.
Extremos se alimentam e têm na disputa entre si a melhor chance, mas a pulverização dos candidatos de centro facilita. O melhor dos mundos para Bolsonaro é enfrentar Fernando Haddad no segundo turno, por exemplo. É a única chance que um e outro tem de chegar à Presidência da República.
Bolsonaro teria vida difícil contra todos os outros postulantes, e Haddad não foi testado com todos os oponentes, mas os extremos permitem projetar cenário semelhante.
A rejeição de Bolsonaro, que é de 44%, não facilita a corrida dele ao Planalto. Ele não está ameaçado por ora, mas a dificuldade no segundo turno o faz um candidato frágil diante de outros mais moderados.
A mesma coisa ocorre com o PT a medida que Haddad ficar mais conhecido como candidato do Lula. Segundo turno entre extremos seria aquele que venceria o que tem a menor rejeição.
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