Vera: Vitória de Aécio enfraquece Doria e põe em xeque permanência de Covas no PSDB

  • Por Jovem Pan
  • 22/08/2019 08h12 - Atualizado em 22/08/2019 11h00
Nelson Antoine/Estadão Conteúdo Prefeito e governador levantaram bandeira contra Aécio

Ao rejeitar, na noite desta quarta-feira (22), o pedido de expulsão do deputado Aécio Neves do partido, a executiva nacional do PSDB colocou à prova a permanência do governador de São Paulo, João Doria, e do prefeito da cidade, Bruno Covas, na sigla. Isso porque ambos fizeram uma forte campanha contra a permanência do parlamentar no partido.

A bandeira de Doria contra a corrupção e a favor de um “novo PSDB”, como gosta de chamar, era muito pautada, entre outras coisas – como a saída do partido de cima do muro – como forma de campanha eleitoral. A permanência de Aécio no partido presume que todos os outros acusados de corrupção também não serão expulsos, comprometendo, dessa forma, essa missão do governador de mostrar que a sigla está diferente.

A vitória de Aécio mostra, também, um isolamento do PSDB paulista: muitos tucanos tem a impressão que Doria e os membros do partido em São Paulo são arrogantes e querem impor sua visão ao resto do país. Alguns dizem que Doria precisa entender que o PSDB não é o grupo empresarial que comandava antes de entrar para a política, ou seja, que ele não vai poder fazer tudo na base da ordem, da forma que ele quer e a partir de suas regras.

Enquanto isso, Covas disse, em junho, que deixaria o partido caso Aécio permanecesse. “Ou ele ou eu”, disse, na época, em uma fala que não abre margem para uma terceira opção. Caso ele não cumpra a declaração, pode ficar com fama de quem não tem palavra, o que seria péssimo para uma eleição, em 2020, que já promete ser acirrada: além do candidato do PT, rival tradicional dos tucanos, a força do bolsonarismo pretende trazer Joice Hasselmann como candidata à prefeitura de São Paulo pelo PSL. Isso aliado à avaliação da gestão de Covas, que é de regular para ruim, além de ele ser pouco conhecido, complica a sua situação.

Dito isso, fica a questão: Doria vai permanecer no PSDB com os acusados de corrupção? É possível que ele construa a narrativa de “novo PSDB” sem a expulsão dessas pessoas? Ou será que ele vai partir para uma nova legenda, como o DEM? E Covas, sai ou fica? O perigo de ter indicado à expulsão uma pessoa como Aécio, que tem um histórico no partido, construiu e manejou relações ao longo desses anos, foi candidato à presidência em 2014, presidiu a sigla e foi uma de suas principais figuras foi posto à jogo e perdido de maneira arrebatadora.

 

 

 

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