Violência do tráfico abala estado no México e deixa pelo menos 7 mortos

  • Por Agencia EFE
  • 01/05/2015 19h14

Guadalajara (México), 1 mai (EFE).- O estado de Jalisco, no México, viveu nesta sexta-feira um dia de violência extrema, com quase 30 bloqueios realizados por traficantes que deixaram pelo menos sete mortos, 15 feridos e vários danos, em ataques efetuados como resposta à operação para deter um líder criminoso.

Desde o começo da manhã, o caos chegou às ruas da cidade de Guadalajara, capital do estado, e se propagou por outros pontos do como o turístico Puerto Vallarta.

Os bloqueios de ruas e incêndios de veículos, lojas, bancos e postos de gasolina se propagaram por este estado no qual opera o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG) e também é objeto de disputa dos grupos criminosos do Cartel de Sinaloa e dos Cavaleiros Templários.

Segundo dados divulgados em entrevista coletiva pelo governador do estado, Aristóteles Sandoval, no total foram registrados 29 bloqueios em todo o estado e foram suspensas 26 rotas do transporte público. Estes deixaram até o momento um saldo de sete pessoas mortas e 15 feridas.

Perante os fatos violentos se decidiu ativar o “código vermelho”, explicou o governador, que pediu aos cidadãos para “manter a calma” e levar em conta apenas as informações oficiais.

Esta onda de violência, acrescentou, é consequência da operação para deter um líder do tráfico na região, embora não tenha dado mais detalhes da mesma.

Sobre os mortos, o governador não especificou se foram policiais ou criminosos, mas de manhã foi confirmada a morte de um agente e de três militares após o ataque contra um helicóptero, assim como o desaparecimento de outros três que viajavam no mesmo aparelho.

A Secretaria da Defesa Nacional informou em comunicado que, durante reconhecimentos aéreos, tropas militares localizaram um grupo de veículos com pessoas armadas, sobre a rota Casimiro Castillo-Villa Purificación, que atacaram os soldados com disparos de armas de fogo.

Os disparos atingiram o helicóptero Cougar no qual estavam, o que obrigou o aparelho a realizar um pouso de emergência, após o que morreram três militares, enquanto outros 10 ficaram feridos, assim como dois policiais.

Além disso, três militares “ainda não foram localizados”, acrescentou a nota.

As entradas e saídas de Guadalajara foram as mais afetadas com a queima de veículos, embora também tenham ocorrido incêndios em lojas próximas ao centro histórico da capital do estado, assim como em postos de gasolina e instituições bancárias em cidades como Puerto Vallarta, no litoral de Jalisco e Cidade Guzmán, na zona sul.

No município de Autlán, na região da costa sul, estão sendo registrados enfrentamentos entre membros da Força Única, a polícia de elite de Jalisco, e membros do crime organizado, nos quais morreu o policial.

Os bloqueios provocaram a mobilização de agentes da polícia estadual, assim como da polícia federal e do exército mexicano, para liberar as vias, informaram à Agência Efe fontes da Procuradoria Geral de Jalisco.

Isso depois que uma onda de ataques realizados nas últimas semanas pelo CJNG, liderado por Nemesio Oseguera Cervantes “El Mencho”, pôs em alerta as forças de segurança neste estado.

A escalada da violência começou no último dia 19 de março, quando agentes federais enfrentaram um grupo do CJNG no município de Ocotlán, o que deixou um saldo 11 mortos, entre eles cinco agentes, três delinquentes e três civis alheios aos fatos.

Quatro dias depois foi abatido Heriberto Acevedo Cárdenas, conhecido como “El Gringo” e suposto operador do CJNG, uma organização que se expandiu aos estados de Michoacán e Colima e que este mês foi incluída na “lista negra” do narcotráfico internacional do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos.

Segundo a procuradoria, esse cartel também esteve por trás de uma emboscada realizada em 6 de abril, na qual 15 policiais de um grupo de elite morreram e outros cinco ficaram feridos ao serem surpreendidos em uma estrada por 80 homens com armas de alto poder de fogo e instruídos com táticas militares.

Além disso, no último dia 30 de março, o comissário de Segurança em Jalisco, Alejandro Solorio, sofreu uma emboscada no município de Zapopan, pela qual foram detidos 15 suspeitos.

Após isto, o governo estadual redobrou a segurança em todo o estado e pôs em alerta seus 18.000 policiais estaduais e municipais, entre eles 2.000 pertencentes à Força Única, apoiados pelo exército e a polícia federal.

Jalisco é um ponto importante para a passagem de matéria-prima para drogas sintéticas por sua localização geográfica, pois conecta o porto de Manzanillo (Colima) com o centro e norte do país.

O CJNG surgiu em 2010 como uma célula do Cartel do Pacífico ou Sinaloa que operava em Jalisco sob o comando de Ignacio “Nacho” Coronel Villareal.

Com a morte de Coronel, em 2010, o grupo iniciou uma cruenta disputa pelo território com a organização La Resistencia, aliada de Los Zetas. EFE

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