Violência xenófoba paralisa centro da cidade sul-africana de Durban

  • Por Agencia EFE
  • 14/04/2015 15h11
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Johanesburgo, 14 abr (EFE).- A violência xenófoba vivida em Durban, na África do Sul, chegou nesta terça-feira ao centro da cidade, onde a polícia fechou várias ruas para separar centenas de jovens locais de comerciantes estrangeiros armados com facões e preparados para defender suas lojas.

As ruas desta cidade litorânea do leste da África do Sul -a terceira mais povoada do país-, em cuja área metropolitana vivem mais de três milhões de pessoas, viveram cenas de grande tensão.

Os imigrantes de países como o Paquistão, Somália e Nigéria, que são donos de boa parte das lojas na zona, levantaram barricadas para evitar que seus estabelecimentos fossem saqueados, como está ocorrendo desde o mês passado em zonas dos arredores.

A polícia utilizou bolas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água, segundo descreve a imprensa local.

Um adolescente sul-africano de 14 anos morreu ontem à noite por um disparo durante o ataque a uma dessas lojas, informou à Agência Efe por telefone o porta-voz policial Jay Naicker.

Outras quatro pessoas morreram em fatos similares desde 30 de abril.

Os cidadãos sul-africanos de Durban acusam os imigrantes -que dominam boa parte do comércio nas zonas de maioria negra da África do Sul- de roubar o trabalho e praticar a delinquência.

O governo anunciou a detenção, desde o fim de semana, de 48 pessoas, enquanto mais de dois mil imigrantes foram hospedados em tendas de campanha pagas pelas autoridades após terem sido expulsos de suas casas.

“Deve haver mais detenções, não são suficientes. O povo segue (cometendo ataques xenófobos) porque sabe que há impunidade”, declarou à EFE desde Durban Thandeka Duma, da organização Advogados pelos Direitos Humanos.

O ministro do Interior, Malusi Gigaba, assegurou que o governo trabalha, junto a representantes das embaixadas dos imigrantes afetados, na repatriação daquelas vítimas que desejam retornar a seus países.

Malawi e Somália já começaram a enviar para casa alguns de seus cidadãos, segundo a imprensa sul-africana.

“As pessoas pensam em ir para onde quer que seja, embora voltar a seu país não seja uma opção em muitos casos”, afirmou à Efe o líder da comunidade etíope de Durban, Ephraim Meskele, sobre o sentimento entre seus compatriotas atacados.

Fontes da comunidade congolesa de Durban asseguraram que a situação piorou hoje, e denunciaram casos de intimidação xenófoba contra estudantes estrangeiros em um instituto de uma das zonas afetadas.

A violência se intensificou no final de março, depois que o rei dos zulus, etnia majoritária na região, convidou os imigrantes de outros países africanos a sair da África do Sul.

Gigaba informou hoje sobre mais ataques xenófobos ocorridos na cidade de Rustenburg, na província do Noroeste.

Várias pessoas morreram em janeiro na província de Gauteng -onde estão as cidades de Johanesburgo e Pretória- em atos de vandalismo contra lojas de somalis, paquistaneses e etíopes em antigos guetos negros.

A pior crise deste tipo foi vivida em 2008, quando mais de 60 pessoas morreram em Gauteng em outra onda de violência xenófoba. EFE

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