Waterloo vibra dois séculos depois da batalha que marcou o fim de Napoleão
Marina Valero.
Waterloo (Bélgica), 18 jun (EFE).- Em um dia como hoje há 200 anos, Waterloo foi o cenário da batalha que marcaria a queda de Napoleão Bonaparte, um momento histórico que nesta quinta-feira lembraram líderes políticos e casas reais europeias com uma cerimônia onde não faltaram tiros de canhão.
O solo de Waterloo (a 30 quilômetros de Bruxelas) tremeu com cada um dos disparos de canhão que estremeceram o público, como deve ter acontecido com os quase 200 mil soldados que participaram do combate, dos quais dezenas de milhares deles perderam a vida ou ficaram feridos.
“Hoje não travamos uma batalha, mas uma reconciliação; esse choque do momento permitiu uma unidade mais ampla e uma harmonia mais sólida”, assinalou o primeiro-ministro belga, Charles Michel, na cerimônia do bicentenário.
Uma ideia compartilhada pelo rei Felipe da Bélgica, para quem seu país se transformou em “guardião da reconciliação”, após ter sido durante séculos “um campo de batalha onde as potências europeias se enfrentavam entre si pela hegemonia do continente”.
Também participou do ato a rainha Matilde da Bélgica, os grãos-duques de Luxemburgo, Henrique e María Teresa; os reis da Holanda, Guilherme e Máxima; o duque de Kent e os embaixadores de França e Alemanha, entre outros.
Também estiveram presentes alguns dos descendentes dos generais que travaram a batalha como o duque Arthur Wellesley de Douro (descendente do duque de Wellington, comandante supremo aliado na batalha) e os príncipes Nikolaus Furst Blücher von Wahlstatt (descendente do marechal prussiano Gebhart Leberer von Blücher) e Jean-Christophe Napoleon Bonaparte.
A batalha de Waterloo começou no dia 18 de junho de 1815, data na qual as tropas britânicas, holandesas e alemãs (divididas por sua vez nos reinos independentes de Prússia e Hannover e no Principado de Brunswick), puseram fim às aspirações imperialistas de Napoleão Bonaparte.
Esta derrota decisiva para os franceses marcou “o fim do grandioso sonho militar e político de Napoleão”, enquanto para as forças aliadas representou “uma vitória contra as ambições imperialistas posteriores à Revolução Francesa”, explicou o primeiro-ministro belga.
Michel considera que este combate foi o germe do projeto europeu, pois evidenciou a necessidade de conseguir uma união entre as grandes potências do continente.
“Era indispensável para lutar contra uma ameaça comum e sobretudo para garantir a paz, a estabilidade e a prosperidade”, enfatizou.
Para Michel esse desejo materializado quase século e meio depois na União Europeia, foi fruto da “boa vontade” de homens e mulheres que “aprenderam as lições do passado e escolheram juntar seus sonhos em torno de um projeto mais bonito e grande”.
“O que acontece em uma parte da Europa afeta a todos nós e o que acontece em um século continua tendo impacto no seguinte”, disse o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Frans Timmermans.
Também ressaltou a necessidade de “manter longe a guerra, construir uma paz duradoura e preservar a unidade dos povos europeus”.
Embora seja complicado, “sempre é preferível se reunir ao redor de uma mesa de negociações do que em um campo de batalha”, acrescentou o rei belga.
O rei Felipe colocou quatro laços de cores – representando os adversários da batalha – ao redor de uma bala de canhão junto a Willem-Alexander e Henrique de Luxemburgo, um ato simbólico no qual foram acompanhados por descendentes de Napoleão e pelo duque de Wellington, entre outros.
Junto com os acordes do hino nacional belga, outras quatro faixas de enormes dimensões foram instaladas do ponto mais alto da Colina do Leão.
Foi um dos momentos mais emotivos da cerimônia, na qual também não faltou a “coreografia” de um cavaleiro imitando um dos soldados da batalha histórica.
Além dos momentos de celebração, um dos figurantes da batalha morreu repentinamente durante a comemoração, segundo informou o jornal belga “Le Soir”.
A importância desta data foi refletida, além disso, em selos comemorativos emitidos pelo Reino Unido (Royal Mail), Bélgica (Bpost) e inclusive países africanos como Togo, Mali e Guiné-Bissau, informou a agência Belga.
Os atos previstos para os próximos três dias compreendem um espetáculo de música, dança e fogos de artifício esta noite e uma recriação da batalha amanhã e no sábado.
A prefeita de Waterloo, Florence Reuter, disse que é esperada a presença de cerca de 12 mil pessoas neste fim de semana.
“Waterloo entrou para a história para sempre e, além disso, representou um impulso para o turismo de nossa região”, disse. EFE
mvg/ma
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