Youssef diz acreditar que Planalto sabia de esquema de corrupção na Petrobras
Rio de Janeiro, 11 mai (EFE).- O doleiro Alberto Youssef, que fechou acordo de delação premiada e agora colabora com a Justiça na investigação do escândalo de corrupção na Petrobras, afirmou nesta segunda-feira que acredita que o Planalto tinha conhecimento dos desvios que ocorriam na petrolífera.
“Essa é minha opinião. Mas não tenho provas”, declarou o doleiro ao ser interrogado hoje por membros da CPI criada pelo Congresso para investigar o escândalo.
Os membros da CPI da Petrobras chegaram hoje a Curitiba para interrogar, entre hoje e amanhã, Youssef e outros envolvidos no caso que estão presos na cidade, entre eles os ex-diretores da Petrobras, Néstor Cerveró e Guilherme Esteves.
No interrogatório, os parlamentares pediram que Youssef reafirmasse uma das declarações que fez em um de seus depoimentos perante o juiz que investiga o caso, na qual assegurou que o Palácio do Planalto sabia da corrupção na Petrobras.
“Confirmo e repito que isso é o que eu acho, mas não posso dizer com total certeza que essas pessoas sabiam da corrupção”, respondeu Youssef ao ser questionado especificamente pela presidente Dilma Rousseff, e por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Youssef esclareceu que só pode referir-se ao que escutava do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, com quem combinava, através de suas casas de câmbio, o pagamento de comissões a partidos políticos.
Segundo o doleiro, em uma ocasião Costa lhe disse que “esperava notícias do Palácio” para determinar a distribuição dos recursos desviados da Petrobras.
Youssef declarou ainda que o ex-ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, solicitou em 2010 recursos para financiar a campanha eleitoral de sua esposa, a atual senadora Gleisi Hoffmann.
No entanto, negou ter recebido nesse ano um pedido de fundos por parte do ex-ministro Antonio Palocci, que foi coordenador da campanha eleitoral de Dilma.
Aos parlamentares Youssef disse não saber quem era o líder de toda a rede de corrupção, da qual garantiu ser apenas a “engrenagem” responsável por repartir os recursos que recebia de subornos pagos por grandes construtoras com contratos com Petrobras.
“Com certeza, eu não era o líder (…). Isso começou lá atrás, quando Paulo Roberto Costa foi posto como diretor da Petrobras. Eu fui engrenagem. No primeiro momento, o líder era o (ex-deputado morto José) Janene. Quem nomeia é o Planalto” declarou Youssef que, no entanto, disse desconhecer se a liderança também vinha do Planalto. EFE
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