Sindicância que ‘inocenta’ G Dias mostra GSI mais despreparado e omisso que a PMDF
Relatório indica que o Gabinete de Segurança Institucional, não só falhou na proteção do Palácio do Planalto, como deixou de se inteirar dos acontecimentos que precederam a invasão

A sindicância interna do Gabinete de Segurança Institucional sobre o 8 de janeiro não conseguiu responsabilizar objetivamente o general Gonçalves Dias, mas isso não o inocenta — como pretendem fazer crer petistas e assemelhados. Explico: o relatório demonstra claramente que o GSI, não só falhou na proteção do Palácio do Planalto, como deixou de se inteirar dos acontecimentos que precederam a invasão, se omitindo de forma flagrante. “Restaram demonstrados indícios de deficiências no processo de Comando e Controle durante a invasão, em parte causadas pela falta de informações pretéritas de inteligência, capazes de permitir a correta preparação dos efetivos para a defesa do Palácio, mas também em função de condutas adotadas pelo Coordenador-Geral de Segurança de In stalações (CGSI), pelo Coordenador de Segurança de Instalações (CSI) e pelo Encarregado de Segurança de Instalações (ESI).”
Salta aos olhos a revelação de que o GSI não enviou ninguém para a reunião da sexta-feira, antevéspera das invasões, sobre o Protocolo de Ações Integradas (PAI), que fora imediatamente convocada pela Subsecretaria de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, logo que tomou conhecimento sobre a possibilidade de ocorrência de manifestações. O subchefe da Coordenadoria de Avaliação de Riscos do GSI, tenente-coronel Jáder Silva dos Santos, estava “em gozo de dispensa” desde o fim do ano e nem sequer leu as mensagens trocadas no grupo de WhatsApp denominado “CIISP/DF-MANIFESTAÇÕES”. Segundo a sindicância, “ficou evidenciado que o GSI não participou da reunião preparatória do dia 6 de janeiro de 2023, no CIOB (Centro Integrado de Operações de Brasília), bem como não recebeu o PAI nQ 02/ 2023, nem o Relatório de Inteligência nº 06”, difundido no mesmo dia.
Soa ofensivo para qualquer cidadão com o mínimo de inteligência que o chefe da segurança da Presidência da República estivesse alheio aos acontecimentos com maior potencial de dano à democracia recente. Essa perceptível falta de interesse do GSI na preparação das manifestações também está refletida em outro trecho do relatório, segundo o qual o chamado “Correio Sisbin”, canal oficial de transmissão de conhecimentos de inteligência entre ABIN e GSI, não registrou qualquer comunicação endereçada a Gonçalves Dias ou assessores entre os dias 2 e 8 de janeiro – a sindicância, porém, desconsidera as mensagens de WhatsApp enviadas pela Abin aos órgãos do sistema de inteligência. “Deficiências no fluxo e na qualidade de informações de inteligência constituíram fator determinante para o dimensionamento insuficiente das equipes de segurança presentes nas instalações do Palácio do Planalto durante a invasão”, conclui.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.