Com Lira emparedado, reforma ministerial sobe no telhado; enquanto Lula espera cassação de Bolsonaro

Arthur Lira recuou na pressão sobre Lula pela reforma ministerial e deve se dar por satisfeito se as investigações da Polícia Federal sobre os kits de robótica se restringirem a assessores e aliados

  • Por Claudio Dantas
  • 19/06/2023 12h05 - Atualizado em 20/06/2023 15h17
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Ricardo Stuckert/PR/Divulgação Presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Sessão de trabalho com presidentes dos Países da América do Sul Conversa sobre reforma ministerial entre Lira e Lula deve esfriar

Arthur Lira recuou na pressão sobre Lula pela reforma ministerial e deve se dar por satisfeito se as investigações da Polícia Federal sobre os kits de robótica se restringirem a assessores e aliados. Na conversa que ambos tiveram na sexta-feira 16, o presidente da República se comprometeu a obter uma postura diferente de seus ministros, mas não pretende trocá-los como queria o Centrão. No sábado, o presidente da Câmara recebeu o ministro da Casa Civil, Rui Costa, num café da manhã intermediado pelos líderes Elmar Nascimento e José Guimarães, mas não falaram sobre ministério. Na pauta, a retomada do diálogo entre os dois — abalado desde a votação do PL das Fake News, quando o governo garantiu os votos de sua base, o que não aconteceu. Também resolveram antecipar o calendário da reforma tributária para tentar aprová-la até o começo do recesso parlamentar, em julho. A previsão anterior era apenas para o fim do segundo semestre. E trataram das mudanças que o Senado pretende fazer no arcabouço fiscal, sendo que Lira avisou que topa a exclusão do Fundo Constitucional do DF, mas não a do Fundeb.

Em relação a uma possível troca no Ministério da Saúde, ela não deve acontecer agora. Talvez, só talvez, em 2025 e para acomodar o próprio Lira, que deve ajudar o governo a fazer seu sucessor, o que aumenta o risco de racha no PP e no próprio bloco de apoio do presidente da Câmara, que só terá a oferecer emendas e cargos de segundo escalão prometidos pelo Palácio do Planalto. Como me disse um arguto observador da política em Brasilia, “a perda de unidade na oposição é diferente de o governo ganhar unidade”. Mas a iminente redução da Selic e a melhora das expectativas para a economia devem desanuviar o clima para Lula, que esfrega as mãos diante da provável cassação dos direitos políticos de Jair Bolsonaro pelo TSE e a consequente dispersão das forças de oposição no Legislativo. Valdemar Costa Neto, cacique do PL, deve liberar parte da bancada para compor com o governo, de olho nas eleições municipais. Restará o Republicanos de Marcos Pereira, que poderá capitalizar o amolecimento de Lira e lutar pela sucessão daqui a dois anos. Por agora, é deixar as barbas de molho.

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