Com Lira emparedado, reforma ministerial sobe no telhado; enquanto Lula espera cassação de Bolsonaro
Arthur Lira recuou na pressão sobre Lula pela reforma ministerial e deve se dar por satisfeito se as investigações da Polícia Federal sobre os kits de robótica se restringirem a assessores e aliados
Arthur Lira recuou na pressão sobre Lula pela reforma ministerial e deve se dar por satisfeito se as investigações da Polícia Federal sobre os kits de robótica se restringirem a assessores e aliados. Na conversa que ambos tiveram na sexta-feira 16, o presidente da República se comprometeu a obter uma postura diferente de seus ministros, mas não pretende trocá-los como queria o Centrão. No sábado, o presidente da Câmara recebeu o ministro da Casa Civil, Rui Costa, num café da manhã intermediado pelos líderes Elmar Nascimento e José Guimarães, mas não falaram sobre ministério. Na pauta, a retomada do diálogo entre os dois — abalado desde a votação do PL das Fake News, quando o governo garantiu os votos de sua base, o que não aconteceu. Também resolveram antecipar o calendário da reforma tributária para tentar aprová-la até o começo do recesso parlamentar, em julho. A previsão anterior era apenas para o fim do segundo semestre. E trataram das mudanças que o Senado pretende fazer no arcabouço fiscal, sendo que Lira avisou que topa a exclusão do Fundo Constitucional do DF, mas não a do Fundeb.
Em relação a uma possível troca no Ministério da Saúde, ela não deve acontecer agora. Talvez, só talvez, em 2025 e para acomodar o próprio Lira, que deve ajudar o governo a fazer seu sucessor, o que aumenta o risco de racha no PP e no próprio bloco de apoio do presidente da Câmara, que só terá a oferecer emendas e cargos de segundo escalão prometidos pelo Palácio do Planalto. Como me disse um arguto observador da política em Brasilia, “a perda de unidade na oposição é diferente de o governo ganhar unidade”. Mas a iminente redução da Selic e a melhora das expectativas para a economia devem desanuviar o clima para Lula, que esfrega as mãos diante da provável cassação dos direitos políticos de Jair Bolsonaro pelo TSE e a consequente dispersão das forças de oposição no Legislativo. Valdemar Costa Neto, cacique do PL, deve liberar parte da bancada para compor com o governo, de olho nas eleições municipais. Restará o Republicanos de Marcos Pereira, que poderá capitalizar o amolecimento de Lira e lutar pela sucessão daqui a dois anos. Por agora, é deixar as barbas de molho.
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