10 temas históricos e atuais que podem ser cobrados no Enem
Esses assuntos trazem à tona a importância de uma abordagem crítica sobre o passado e o presente na prova
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece nos dias 03 e 10 de novembro, exige dos estudantes mais do que o domínio de conteúdos teóricos; ele demanda uma leitura crítica dos acontecimentos históricos e dos desafios contemporâneos. Em 2024, diversos marcos importantes, como os 200 anos da primeira Constituição do Brasil e os 30 anos do fim do Apartheid, são fortes candidatos a serem explorados na prova.
Especialistas de diferentes áreas confirmam essa tendência. “O Enem 2024 deve abordar a importância da Constituição de 1824 no contexto do Império, comparando-a com as conquistas democráticas da Constituição de 1988”, indica Matheus Eugênio Lima, professor de História do Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR).
Eventos marcantes para a redemocratização, como as Diretas Já, também podem ter destaque nas provas. “A mobilização popular por eleições diretas foi um divisor de águas na política brasileira e um tema sempre relevante para o Enem“, ressalta Daniel Medeiros, doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo, em Curitiba (PR).
O geógrafo Eduardo Berkenbrock Lopes, professor e assessor de Geografia do Ensino Médio do Colégio Positivo, em Curitiba (PR), acredita que o exame também deve explorar os impactos dos fenômenos climáticos recentes. “Com a intensificação de eventos como o El Niño e La Niña, o Enem pode trazer questões que conectem mudanças climáticas a desastres naturais e políticas de prevenção.”
A seguir, confira 10 temas históricos e atuais que, segundo especialistas, têm grandes chances de serem cobrados no Enem 2024!
1. Bicentenário da primeira Constituição Brasileira (1824-2024)
O bicentenário da primeira Constituição Brasileira, imposta por D. Pedro I, deve ser um ponto importante de comparação com a Constituição de 1988, conhecida como a “Constituição Cidadã”. “A Constituição de 1824 centralizava o poder nas mãos do imperador e restringia a participação política, enquanto a de 1988 ampliou os direitos sociais e a cidadania”, explica o professor Matheus Lima.
2. 40 anos do movimento Diretas Já (1984-2024)
O movimento Diretas Já, que exigiu eleições diretas para presidente, marcou o início da redemocratização do Brasil. “A luta pelas Diretas Já, mesmo sem obter sucesso imediato, criou o clima necessário para a consolidação da democracia no Brasil”, comenta Daniel Medeiros. Questões podem explorar a importância desse movimento na mobilização popular e na retomada dos direitos democráticos.
3. 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2018)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos influenciou diretamente a Constituição de 1988 e a formulação de leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Maria da Penha. “Ela estabeleceu princípios que hoje fazem parte do arcabouço jurídico brasileiro, especialmente na proteção dos direitos fundamentais”, afirma Matheus Lima.
4. 30 anos do fim do Apartheid (1994-2024)
O fim do Apartheid na África do Sul, em 1994, sob a liderança de Nelson Mandela, é um marco mundial na luta contra o racismo. “O Enem pode traçar paralelos entre o fim do Apartheid e o racismo estrutural no Brasil, onde, apesar do fim da escravidão, ainda lidamos com desigualdades profundas”, analisa o doutor em Educação Histórica, Daniel Medeiros. Segundo ele, questões sobre cotas raciais e ações afirmativas também podem surgir.
5. 30 anos do Dia Internacional dos Povos Indígenas (1994-2024)
A questão indígena tem sido amplamente debatida no Brasil, especialmente em relação à demarcação de terras e à preservação cultural. “O Enem pode abordar os desafios atuais enfrentados pelos povos indígenas, como a pressão sobre suas terras devido ao agronegócio e à mineração”, comenta Matheus Lima. A proteção ambiental e a defesa dos direitos indígenas são temas de grande relevância na prova.
6. Expansão do BRICS (2023)
Fundado em 2006, o BRICS (bloco econômico formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia e China e, em seguida, África do Sul), expandiu-se recentemente, incluindo Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã, o que reflete uma nova dinâmica no cenário global.
“O BRICS+ representa uma força econômica significativa, e o papel do Brasil no grupo pode ser explorado em questões relacionadas à geopolítica global”, afirma Eduardo Lopes. A ascensão dos países emergentes e o impacto dessa configuração na governança global são tópicos potenciais.
7. Mudanças climáticas: El Niño e La Niña (2023-2024)
O fenômeno El Niño, que provoca alterações climáticas severas, tem causado tragédias no Brasil e em outras partes do mundo. “O Enem pode explorar a relação entre fenômenos climáticos e políticas de mitigação de desastres, conectando o impacto do El Niño com eventos como as chuvas no Rio Grande do Sul”, aponta Eduardo Lopes.
8. 60 anos do Golpe Militar no Brasil (1964-2024)
O golpe militar de 1964, que instaurou uma ditadura de 21 anos no Brasil, continua sendo um tema relevante para o Enem, especialmente em questões sobre censura, repressão e a luta pela redemocratização. “A ditadura militar no Brasil foi um período de intensas restrições aos direitos civis, e a análise de suas consequências ainda é fundamental para entender a nossa democracia”, comenta Daniel Medeiros.
9. Governança global e o G20 no Brasil (2024)
Em 2024, o Brasil sedia a reunião do G20, um evento que deve colocar em pauta o combate à fome, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global. “O papel do Brasil nas discussões internacionais e sua liderança em temas como o combate à pobreza e às mudanças climáticas serão de grande relevância no Enem”, explica Eduardo Lopes.
10. Abalos sísmicos globais (2023)
Os terremotos que atingiram países como a Turquia e a Síria em 2023 podem ser abordados em questões que relacionem desastres naturais, infraestrutura e gestão de crises. “Eventos como esses mostram a importância de uma infraestrutura preparada e de políticas de resposta eficazes, algo que pode ser tema de atualidades e geopolítica”, conclui Eduardo Lopes.
Por Bruna Zembuski
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