5 mitos e verdades sobre endometriose
Médica esclarece as principais dúvidas sobre a doença e reforça a importância de manter os exames em dia
A endometriose é uma doença crônica que, segundo o Ministério da Saúde (MS), afeta uma a cada dez mulheres no Brasil. Ela tem como característica principal o crescimento de células do tecido que reveste o útero, o endométrio, que em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e se espalham nos ovários, intestino ou em outros órgãos da cavidade abdominal, em que voltam a multiplicar-se e a sangrar.
Ainda não existe uma causa bem definida da doença, mas é notório que quando controlada, reduz os impactos sobre a qualidade de vida da paciente. Por outro lado, quando não tratada, sua progressão gera importantes transtornos na vida das mulheres, que apresentam sintomas como cólicas de forte intensidade, dores durante as relações sexuais, dor e sangramento intestinais e urinários durante o período menstrual.
A seguir, Thais Gonzalez, médica especialista em radiologia e diagnóstico da Delfin Medicina Diagnóstica, esclarece os principais mitos e verdades sobre a endometriose. Confira!
1. Toda mulher com endometriose é infértil?
Mito. Segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), cerca de 30% das portadoras de endometriose podem apresentar infertilidade. Segundo Thais Gonzalez, quem tem a doença pode engravidar, mas possui menos chances de conseguir pelas vias naturais, dependendo da gravidade da doença. “Isso se deve a uma redução do número e da qualidade dos óvulos, presença de inflamação, obstrução nas trompas e presença de aderências causadas pela doença”, justifica a médica.
2. O exame de imagem é crucial para diagnóstico da doença?
Verdade. A suspeita de endometriose deve ser feita levando-se em consideração os sintomas clínicos e exame físico da paciente. No entanto, este diagnóstico deve ser confirmado por meio de exames de imagem. “Os exames mais indicados são a ultrassonografia pélvica transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética da pelve”, explica a médica.
Segundo ela, esses são exames capazes de identificar a presença de focos da doença, além de definir exatamente os órgãos comprometidos e a extensão da doença. “É a partir desta análise que o médico especialista poderá definir, juntamente com a paciente, qual o melhor tratamento a ser adotado: se o uso de medicações ou intervenção cirúrgica”, afirma.
3. Toda paciente com endometriose sente dor?
Mito. A doença pode ser assintomática em algumas mulheres, mas, mesmo assim, precisa ser acompanhada e algumas vezes tratada. Segundo a radiologista, a maioria dos casos assintomáticos é detectado em exames de rotina.
“Este é apenas um dos muitos benefícios do acompanhamento regular pelo médico ginecologista. Quando a endometriose é identificada ainda na fase inicial, com tratamento adequado, evita-se que a doença alcance estágios mais graves e avançados e o maior comprometimento dos órgãos pélvicos”, acrescenta.
4. Exercícios físicos podem colaborar para controlar a doença?
Verdade. A liberação de endorfina que resulta das atividades aeróbicas de média e alta intensidade é benéfica para o corpo e ainda inibe a produção de estrógeno, hormônio ligado diretamente à endometriose.
“Exercícios físicos são uma forma complementar de tratar a doença, principalmente quando associada a uma alimentação saudável e equilibrada, que ajuda também a reduzir os níveis de inflamação, além de melhorar o sistema imunológico, aliado indispensável no combate de enfermidades”, explica a médica.
5. A endometriose pode evoluir para um câncer?
Mito. Não. Ela é uma doença benigna, apesar de, algumas vezes, apresentar um comportamento mais agressivo, comprometendo diversos órgãos. “Alguns trabalhos mostram uma associação um pouco mais significativa da endometriose com alguns tipos específicos e mais incomuns de câncer de ovário, mas trata-se de uma condição muito rara. Vale lembrar também que não existe relação comprovada desta doença com o câncer do endométrio. São doenças diferentes”, conclui Thais Gonzalez.
Por Amanda Carvalho
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