5 transtornos psicológicos abordados no filme ‘Barbie’
Produção aborda questões de saúde mental de forma inspiradora, promovendo autodescoberta e reflexão no público
A Barbie é uma figura de inspiração e entretenimento para crianças ao redor do mundo há décadas, carregando um símbolo de autonomia, beleza e moda. Depois de mais de 60 anos, o live-action inspirado na boneca chegou aos cinemas no dia 20 de julho – mas já era um fenômeno muito antes de seu lançamento.
Com Margot Robbie no papel principal, interpretando a “Barbie Estereotipada“, e Ryan Gosling como “Ken”, o filme traz uma nova perspectiva da vida da boneca, muito diferente do que o público estava esperando. A história gira em torno da Barbie, que começa a questionar sua vida perfeita na Barbieland e acaba enfrentando crises existenciais. Em busca de respostas, ela decide explorar o mundo real, onde se depara com um local diferente daquele com o qual estava acostumada.
A Barbie, que sempre foi vista como um símbolo de beleza e perfeição, passa por uma jornada de autodescoberta, questionando padrões e buscando sua própria identidade. De acordo com a psicóloga clínica Tatiane Paula, o contraste entre a cidade cor-de-rosa perfeita e a realidade traz à tona questões importantes, como ansiedade, depressão e dependência emocional.
A seguir, Tatiane Paula explica sobre os transtornos psicológicos retratados no filme ‘Barbie’.
(Atenção! Contém spoiler.)
1. Depressão
No filme, a protagonista enfrenta um momento difícil em que sua personagem é retratada como a versão depressiva da boneca. Nessa representação, são evidenciados sentimentos de tristeza, pessimismo e baixa autoestima, características comumente associadas ao transtorno. Essa abordagem destaca a importância de falarmos sobre temas como saúde mental e oferece uma perspectiva única sobre a jornada emocional da personagem principal.
2. Ansiedade
Na vida real, a protagonista experimenta sentimentos humanos à medida que lida com novas informações e comportamentos. Então, ela precisa lidar com a finitude e as necessidades biológicas que antes não eram percebidas quando era apenas uma boneca. A ansiedade também é vista em personagens que enfrentam situações desafiadoras e são utilizados para trazer questionamentos sobre suas próprias habilidades ou capacidades, gerando inseguranças, preocupações excessivas e dificuldades de gerenciar pensamentos intrusivos.
3. Crises existenciais
Outro ponto destacado no filme são as crises existenciais, que podem surgir quando as personagens se deparam com dúvidas sobre seu propósito, identidade e lugar no mundo. Por exemplo, a Barbie passa por situações em que precisa tomar decisões importantes sobre seu futuro e encarar obstáculos que a levam a questionar suas próprias habilidades e valores, além de não se considerar boa o suficiente em sua versão humana, se achando perfeita somente como boneca.
4. Baixa autoestima
A baixa autoestima é abordada de forma simplificada e pode ser potencializada pelo medo do fracasso, receio de julgamento ou rejeição. Essa representação busca mostrar como isso pode levar os personagens a perpetuarem o mecanismo de defesa de uma busca constante por perfeição, gerando no público a possibilidade de identificar-se.
5. Dependência emocional
A dependência emocional é representada nos personagens que buscam constantemente a validação e aceitação de outros, colocando sua própria felicidade nas mãos de terceiros. Isso é visto principalmente no Ken, que passa por uma descaracterização de personalidade que é vista em um momento no qual o personagem cantarola dizendo ser “sempre o número dois”, revelando sua insegurança. É somente quando a Barbie o encoraja a olhar para si que ele percebe a importância do autoconhecimento.
Lições valiosas sobre saúde mental
O filme da Barbie aborda saúde mental de forma inspiradora, estimulando a resiliência e a autoconfiança do público-alvo. “Além disso, proporciona uma experiência imersiva que resgata a criança interior dos espectadores que se vestem com os elementos da boneca, como a cor rosa. O longa também desafia as normas sociais ao abordar o tema do patriarcado e valoriza a responsabilidade afetiva nas relações interpessoais. Essas abordagens contribuem para enriquecer a jornada do público-alvo, incentivando a reflexão e o crescimento pessoal”, relata Tatiane Paula.
Busque um tratamento adequado
No que diz respeito ao tratamento psicológico, o filme traz lições valiosas. A psicóloga explica que os personagens mostram a importância de buscar ajuda e orientação para enfrentar desafios e que isso não é um sinal de fraqueza, mas de força e autocompaixão. É fundamental lembrar que o filme se trata de uma obra de ficção e o tratamento psicológico é um processo sério e individualizado, conduzido por profissionais devidamente treinados.
Por Lais Fiocchi
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