7 dúvidas comuns sobre doação de rins

Médica explica tudo o que você precisa saber sobre esse procedimento que pode salvar vidas

  • Por EdiCase
  • 06/09/2023 14h00 - Atualizado em 06/09/2023 15h48
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Doação de rins pode devolver saúde para pacientes com doença renal Doação de rins pode devolver saúde para pacientes com doença renal Imagem: WangXiNa | Shutterstock

Setembro é considerado o “Mês da Conscientização da Doação de Órgãos”. Trata-se de um ato que, segundo o Ministério da Saúde (MS), consiste na retirada de órgãos e tecidos de uma pessoa viva ou falecida para serem utilizados no tratamento de outras pessoas. É o caso da doação de rins, uma cirurgia em que o paciente receptor recebe o órgão de um doador para tratar uma doença renal crônica em estágio avançado.

“A doença renal crônica consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins. Esses pacientes necessitam de diálise, mas aqueles que recebem um rim doado têm, geralmente, uma maior sobrevida ao longo dos anos. Por esse motivo, a doação de órgãos é uma atitude nobre e deve ser encorajada. E a boa notícia é que as funções renais do doador vivo podem ser realizadas de forma normal por um único rim”, explica a Dra. Caroline Reigada, médica nefrologista e intensivista.

Como é feito o transplante renal?

A médica explica que, no transplante renal, o rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é retirado por meio de cirurgia e implantado no paciente, de forma que o órgão passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas.

“É claro que toda pessoa que se submete a uma cirurgia e anestesia geral corre riscos, mas estes são minimizados com os exames pré-operatórios e os avanços nas técnicas anestésicas e cirúrgicas, que tornaram o procedimento muito seguro”, diz a especialista.

No entanto, ela ressalta que alguns cuidados devem ser adotados pelo paciente receptor depois do procedimento. “Após o transplante de rim, os remédios imunossupressores são prescritos para diminuir a chance de rejeição do órgão que ele recebeu. Os pacientes transplantados devem usar medicações durante todo o tempo em que forem transplantados. O abandono da medicação pode ter sérias consequências, como a perda do rim transplantado e outras complicações”, explica a médica nefrologista.

Perguntas e respostas sobre a doação de rins

A doação de rins, assim como a dos demais órgãos do corpo humano, ainda é um processo que gera dúvidas no público. Isso porque a técnica é tratada como um tabu, por vezes, por falta de informação e pouca discussão sobre o tema. Para esclarecer o assunto, a Dra. Caroline Reigada responde às 7 principais dúvidas sobre o método:

1. Quem pode ser um doador vivo?

Parentes e não parentes podem ser doadores, mas é necessária uma autorização judicial. Quanto aos critérios necessários para doar, ela ressalta: “A condição necessária para ser um doador vivo é manifestar desejo espontâneo e voluntário de ser doador. É necessário enfatizar que a comercialização de órgão é proibida”, destaca a nefrologista.

“Vários exames são feitos pelo doador para se certificar que apresenta rins com bom funcionamento, não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor e que o seu risco de realizar a cirurgia para retirar e doar o rim seja reduzido. O sangue do doador será cruzado com o dos receptores, para evitar riscos de rejeição”, explica.

2. Como ocorre a doação de um falecido?

No caso de doadores falecidos, os rins são retirados após se estabelecer o diagnóstico de morte encefálica e após a permissão dos familiares. “O Conselho Federal de Medicina tem padrões rigorosos sobre a definição de morte encefálica”, explica a médica. Para receber um rim de doador falecido é necessário estar inscrito na lista única de receptores de rim, da Central de Transplantes do Estado onde será feito o transplante.

3. Quais são as orientações para os doadores?

A vida de quem doa é mais comum do que se pode imaginar. “Não há comprometimento da vida e da saúde, desde que o outro rim continue saudável. Mas orientamos o acompanhamento frequente junto ao médico nefrologista”, explica a especialista.

Ilustração de uma mulher recusando uma taça de vinho
Bebida alcoólica deve ser evitada por doadores de rins (Imagem: Vectorium | Shutterstock)

4. O doador pode beber?

O doador do rim pode consumir álcool, mas não é algo recomendado. Isso porque o consumo excessivo de bebidas alcoólicas é maléfico para os rins e pode ser perigoso para o doador e o receptor do órgão.

5. Doadoras podem engravidar?

Não há restrição ou impedimento para as mulheres que doam o rim nesse sentido. “Elas podem engravidar normalmente (não haverá nenhum impedimento). Porém, é importante estar atenta à pressão arterial, buscar evitar a pré-eclâmpsia, diminuir e controlar ao máximo fatores de risco como a diabetes, obesidade etc.”, explica.

6. Os doadores precisam tomar remédio após a cirurgia?

Diferentemente do receptor, o doador não precisa tomar medicações contínuas. “Recomendamos apenas remédios para o alívio de dor e desconforto após a cirurgia”, diz a profissional.

7. O rim transplantado dura para sempre?

Segundo a Dra. Caroline Reigada, alguns pacientes permanecem com os rins transplantados funcionando por vários anos (mais de 10 anos), mas, em alguns casos, a duração do funcionamento do órgão não é tão longa.

“Características relacionadas ao paciente que recebeu o órgão, como número de transfusões sanguíneas; transplantes anteriores; intercorrências ocorridas no momento do transplante renal e o próprio órgão que foi doado terão impacto na duração do funcionamento do órgão”, explica a especialista.

Ainda de acordo com a médica, o rim transplantado também pode ser acometido com algumas doenças que poderão alterar sua função, como:

  • Infecções urinárias;
  • Obstruções na via de saída de urina;
  • Rejeições agudas ou crônicas (nesta situação, o organismo do paciente passa a reconhecer o rim recebido como estranho).

“Cada uma dessas situações tem um tratamento específico e, quanto mais cedo for iniciado, maiores as chances de manter o funcionamento do rim. Bons hábitos de vida são indicados para preservar esse órgão”, finaliza a médica.

Por Paula Amoroso

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