8 perguntas e respostas sobre a Mpox

Veja os sintomas, os tratamentos e as formas de prevenção da antiga varíola dos macacos

  • Por EdiCase
  • 23/08/2024 18h30 - Atualizado em 23/08/2024 19h48
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Dúvidas sobre a Mpox cresceram após a declaração de emergência de saúde pública pela OMS Dúvidas sobre a Mpox cresceram após a declaração de emergência de saúde pública pela OMS Imagem: QINQIE99 | Shutterstock)

Depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Mpox uma emergência em saúde pública, muitos boatos têm surgido sobre a enfermidade, gerando dúvidas na população. Em meio a essas especulações, um dos rumores que tem se sobressaído se refere à possibilidade de uma nova pandemia.

No entanto, segundo o infectologista Dr. Evaldo Estanislau, professor da Universidade São Judas e gerente de Pesquisa Acadêmica da Inspirali (ecossistema de educação médica), o estado de emergência foi decretado justamente para acelerar os procedimentos de contenção. Afinal, embora de menor gravidade, com menor impacto letal, tal doença tem um potencial de disseminação muito rápido. 

Sabendo disso, o Dr. Evaldo Estanislau esclarece as principais dúvidas sobre o tema. Confira!

1. O que é a Mpox?

Antiga varíola dos macacos, a Mpox é uma doença viral transmitida por contato íntimo com reservatório natural vindo da natureza, especialmente de pequenos animais e dos macacos. Este vírus se transpõe para a espécie humana e tem uma transmissão mantida no continente africano.

2. Por que foi decretado estado de emergência internacional?

Recentemente, tivemos um surto a partir do continente africano que rapidamente se espalhou pelo mundo e que, em um primeiro momento, foi controlado. Porém, agora uma nova variante do vírus surgiu, com uma maior transmissibilidade, ou seja, ela se transmite com mais facilidade. A doença se espalhou a partir da República Democrática do Congo, foi para países da África, depois para países vizinhos e, rapidamente, virou uma emergência global com um número muito grande de casos.

Por este motivo, a OMS decretou estado de emergência para dar o alerta e acelerar os procedimentos de contenção deste espalhamento da doença, potencializado pela nova variante. É importante deixar claro que uma coisa é decretar uma emergência para uma doença grave com grande risco para a população geral, e outra é decretar emergência para acelerar os procedimentos de contenção. Isso porque, embora seja uma doença de menor gravidade, o que ela tem de potencial se refere a uma disseminação rápida por contato para grupos específicos que têm maior vulnerabilidade. Em linhas gerais, esta emergência se trata de uma medida de contenção.

3. A Mpox pode ser fatal?

A Mpox é uma doença de menor gravidade, mas extremamente desagradável. Ela pode, sim, ter excepcionalmente formas mais graves e essa nova variante eventualmente causar uma mortalidade. Porém, na maioria absoluta dos casos, se trata uma condição de manifestação muco cutânea. Ou seja, as pessoas terão algumas erupções, feridas que duram de alguns dias a semanas, mas sobretudo restritas a pele e a regiões mucosas do nosso corpo.

Passado este período de 4, 6, no máximo, 8 semanas de evolução, estas tendem a regredir, cicatrizar e as pessoas, no máximo, terão cicatrizes. Então, é bem diferente de uma doença respiratória. Não se trata de uma enfermidade desprezível. Ao contrário, ela possui a sua complexidade, mas é de um menor impacto letal.

4. Qual a melhor forma de prevenção?

Uma das principais razões da emergência é exatamente acelerar a fabricação de vacinas. Nós temos vacinas disponíveis, mas poucos centros produtores e em uma quantidade pequena. Além disso, uma característica epidemiológica da doença é que ela se transmite em contato de pele ou mucosa com a lesão, e esse contato não é qualquer, ele precisa de uma durabilidade, um contato íntimo, ou seja, atinge uma população de maior vulnerabilidade e mais prioritária para receber a vacina.

Além disso, outros objetos de uso comum, como roupas de cama, toalhas e vestuário, se estiverem em contato com lesões, também transmitem a doença. Por isso, além do grupo de maior vulnerabilidade, situações de aglomeração, como transporte público lotado, em que você está muito próximo a outras pessoas, podem, mesmo que não seja o mecanismo preferencial, potencializar a transmissão da doença, especialmente se houver contato com lesões.

A vacinação em massa para a Mpox não é recomendada porque existem grupos de maior vulnerabilidade e poucas vacinas Imagem: eakasarn | Shutterstock

5. Por que não é recomendada uma vacinação em massa?

A razão de não se recomendar uma vacinação para todos é, primeiramente, epidemiológica, ou seja, existem nitidamente grupos de maior vulnerabilidade. Em segundo lugar, há uma razão operacional, pois não é possível disponibilizar vacina para todos.

Além disso, pessoas com mais de 50 anos provavelmente já receberam imunização contra a varíola, o que proporciona certa imunidade cruzada. Assim, a OMS acerta ao sugerir essa recomendação: a doença tem se espalhado rapidamente, e essa estratégia vai permitir que possamos vacinar o grupo mais vulnerável com maior rapidez e em quantidade suficiente.

6. Quais os principais sintomas da doença?

A Mpox é uma doença que se inicia com sintomas como mal-estar, febre e marcas na pele. Essas marcas se transformam em vesículas, ou seja, ficam elevadas, parecendo uma gota de líquido. Elas podem ser muito discretas e difíceis de visualizar, especialmente em áreas como a genitália ou a parte interna da boca, ou podem se espalhar pelo corpo, formando múltiplas elevações cutâneas. Ao notar qualquer mudança na pele, o ideal é procurar orientação médica.

7. Como é realizado o tratamento?

As lesões devem perdurar por alguns dias ou até poucas semanas e vão evoluir para uma ferida, crosta e sumir aos poucos. É muito importante que o diagnóstico seja feito por um médico em um laboratório especializado, que irá coletar um material da lesão para usar a técnica de PCR, permitindo a identificação do vírus. Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento é sintomático.

A pessoa deverá cuidar para que essas feridas não infeccionem – o que, para populações idosas, com doenças crônicas ou imunodeprimidas, pode representar uma grande complicação. Existem os antivirais, mas são medicamentos muito caros, inacessíveis para a maioria dos indivíduos. Por este motivo, na prática, o que fazemos é isolar os pacientes até que as lesões estejam completamente resolvidas, para evitar a transmissão a outros, e tratar com medicação sintomática, além de abordar eventuais infecções secundárias.

8. Por que a doença mudou de nome e não é mais conhecida como varíola do macaco?

Precisamos ter muito cuidado com aquilo que rotulamos. Uma doença ligada ao macaco pode dar margem a interpretações equivocadas e até eventuais atos de crueldade contra os animais. Cientificamente, como hoje o mecanismo de transmissão é inter-humano, e não do macaco, achou-se por bem adequar o nome para Mpox, que é o nome mais correto e representa bem o momento atual da doença.

Por Juliana Antunes

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