9 soluções para proteger a casa de praia da maresia e do sol
Arquitetas explicam como escolher os materiais certos e evitar danos
A casa de praia é um refúgio, proporcionando um local relaxante para descansar e desfrutar das maravilhas do mar. No entanto, o ambiente marítimo pode causar danos significativos aos elementos da casa, desde a estrutura principal até os detalhes decorativos.
“As casas de praia, constantemente expostas aos efeitos corrosivos da maresia, à intensidade dos raios solares e aos ventos fortes, característicos do litoral, demandam escolhas e soluções arquitetônicas e decorativas que envolvam durabilidade e estética”, explicam as arquitetas Ieda e Carina Korman, à frente do escritório Korman Arquitetos.
Principais adversidades
Construir uma casa de praia é um exercício de equilíbrio entre estilo e funcionalidade, estética e obstinação. Para Carina Korman, com uma especificação cuidadosa é possível conceber uma morada que não apenas encantará aos olhos, mas que também enfrentará os desafios impostos pelo ambiente marítimo. Entre eles, ela pontua alguns:
1. Raios solares
Sob o calor implacável do sol, a exposição prolongada pode causar danos aos materiais de construção como descoloração, deterioração prematura e até mesmo comprometimento estrutural. Carina Korman reforça que pinturas e revestimentos da superfície externa são especialmente os mais vulneráveis à ação dos raios UV.
“Com o passar do tempo, as cores perdem seu brilho original, da mesma forma que a madeira não tratada pode rachar e deformar”, explica. Além disso, o impacto dos raios solares resulta no ressecamento e possível quebra de materiais plásticos e móveis externos – quando não apresentam os atributos certos.
Para tanto, a profissional da Korman Arquitetos diz que para minimizar os efeitos é importante selecionar materiais com propriedades UV resistentes e aplicar revestimentos protetores que ajudem a preservar a integridade estética dos elementos construtivos.
Quando houver madeira, é preferível comprar do tipo tratada e coberturas protetoras como vernizes e selantes. “Essas são medidas preventivas essenciais para prolongar a vida útil”, diz Carina. Ela também recomenda evitar o uso de vidro comum, materiais não oxidáveis, como latão e cobre, e materiais plásticos baratos, como PVC e polímeros.
2. Superaquecimento interno
Outra preocupação está relacionada ao aumento da temperatura interna da casa. “Superfícies escuras, como telhados e pavimentos de concreto, tendem a absorver mais calor solar, ocasionando ambientes internos desconfortavelmente quentes”, alerta a arquiteta Carina Korman. Por isso, ela dá como solução a instalação de telhados refletivos e o emprego de materiais de pavimentação de cor clara.
3. Maresia
Definitivamente, um dos maiores problemas de quem vive em casa de praia. À mercê da proximidade com o mar, a corrosão e a umidade viram inimigos constantes e Carina Korman explica que ambos são processos naturais decorrentes da água salgada do mar.
Na corrosão, ela atua como agente oxidante nos metais e resulta em ferrugem, corrosão galvânica e outros tipos de deterioração que comprometam a integridade dos materiais, sendo o ferro e aço os mais atingidos. No caso da umidade, pode levar ao crescimento de mofo, bolor e fungos, além de provocar danos estruturais em paredes, pisos e tetos por meio de rachaduras e fissuras.
Para combater esses efeitos, a arquiteta recomenda a aquisição de materiais resistentes como aço inoxidável, alumínio e ligas de bronze, que são menos suscetíveis à oxidação, além de técnicas de impermeabilização eficazes durante a construção e a manutenção da casa, como selantes de silicone, tintas impermeabilizantes e sistemas de drenagem para direcionar o escoamento da água.
Móveis planejados também exigem atenção especial. Para a composição dos armários, a melhor opção é o MDF náutico, que suporta a umidade, ou madeira maciça. “Já desenhamos um armário aberto em uma espécie de mini closet com prateleira para os sapatos, gavetas, cabideiro e até um maleiro superior. É uma solução prática, principalmente para quem tem medo de perder móveis em razão disso. Além do mais, recomendamos deixar os planejados afastados do piso e que sejam suspensos ou sobre bases de alvenaria”, orienta a arquiteta.
4. Ventania
Outro problema são os ventos fortes e tempestades tropicais. Dependendo da região, a profissional sugere o reforço da estrutura com concreto armado e madeira tratada. “Gosto de investir em janelas grandes para permitir a circulação de ar, trazer a luz natural e a beleza externa”, compartilha Carina Korman.
Por dentro das soluções
Pensando nas melhorias e investimentos que uma residência litorânea pode ter, a arquiteta Ieda Korman lista dicas em arquitetura e decoração:
1. Revestimentos
Para quem busca um visual rústico e acolhedor, a madeira é a escolha mais popular. Encontradas no mercado, Ieda Korman destaca as madeiras sintéticas e as certificadas como a melhor opção. “A certificação é tratada e vem de fontes sustentáveis que não apenas preservam o meio ambiente, como garantem maior resistência e durabilidade. A sintética é natural, mais calorosa e com resistência aprimorada para decks e varandas”, comenta.
Para um visual moderno e elegante, cerâmicas e porcelanatos são os mais indicados para o piso, pois são laváveis e aguentam bem a umidade e a maresia do litoral. Mas a arquiteta sugere o emprego de pedras naturais para conquistar um espaço ainda mais charmoso e durável. “Além de serem duráveis e fáceis de limpar, contamos com uma variedade que se adapta perfeitamente ao ambiente praiano”, afirma.
2. Telhados verdes
Ótima escolha para fugir do calor no interior da residência, esses tipos de telhado proporcionam isolamento térmico e acústico e são uma alternativa eco-friendly para casas de praia. Além de reduzirem o impacto ambiental, propiciam conforto durante todo o ano. Para tanto, é preciso considerar o clima local, a exposição ao sol, a disponibilidade de água e as condições do solo.
Em geral, as plantas que se adaptam às condições de alta salinidade são a grama-sal e junco marítimo; plantas de beira-mar, como agerato e crista-de-galo; plantas resistentes à seca, como agave, lavanda, suculentas e cactos; e plantas ornamentais tropicais, como hibiscos, palmeiras, buganvílias e dracenas.
3. Drenagem planejada
Para lidar com as águas pluviais e prevenir a erosão costeira, a incorporação de sistemas de drenagem integrados ao projeto arquitetônico é fundamental. Estes sistemas canalizam eficientemente a água longe da casa, preservando não apenas a integridade da estrutura, mas também o ambiente ao redor.
4. Cores
Em casas de praia, a paleta de cores transmite o frescor e a leveza litorânea. Então, as clássicas apostas estão: azul, branco, verde, amarelo e tons de areia. “O azul-marinho ou oceano, o branco para refletir luz e a sensação clean, o verde-água para lembrar a natureza, amarelo suave para lembrar o pôr do sol, são opções perfeitas”, reflete Ieda Korman. Tons suaves são a chave para um ambiente convidativo à beira-mar.
5. Casas de temporada
Em casas de férias, que acabam ficando fechadas durante grande parte do ano, a dupla alerta sobre a relevância de pensar em soluções para amenizar a pouca ventilação e o excesso de umidade. Armários com portas de veneziana, por exemplo, podem ser uma boa opção, além de desumidificadores e a atenção de cobrir aparelhos eletrônicos como a TV.
Por Emilie Guimarães
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