Entenda por que algumas mulheres sentem dor durante as relações sexuais
Educadora sexual explica como algumas condições impedem mulheres de sentirem prazer
Algumas mulheres são completamente impedidas de ter relação sexual e até de realizar exames ginecológicos. Isso porque elas são vítimas das disfunções sexuais classificadas como vaginismo e dispareunia.
“Vaginismo é quando a mulher não consegue permitir a penetração do pênis, e muitas também não conseguem realizar exame ginecológico. Já a dispareunia é quando a mulher tem dor recorrente por mais de 6 meses”, comenta Débora Pádua, fisioterapeuta pélvica e educadora sexual.
De acordo com o National Survey of Sexual Health and Behavior (NSSHB), uma das fontes de referência sobre comportamento sexual nos Estados Unidos, e diversos estudos relacionados, é estimado que uma proporção entre 10% e 30% das mulheres nos Estados Unidos possam vivenciar algum nível de desconforto durante o ato sexual.
Além disso, conforme o DSM5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) da Associação Americana de Psiquiatria, cerca de 15% das mulheres americanas relatam experienciar dor recorrente durante a relação sexual.
Causas das dores durante a penetração
Conforme explica a especialista em tratamento de vaginismo e dor na relação sexual, essas condições podem ter causas variadas. “Uma mulher pode desencadear a dor na relação sexual por uma alteração hormonal, por lesões provocadas por cirurgias ginecológicas e até pela radioterapia, que pode modificar a estrutura vaginal e assim favorecer o surgimento de pontos de dor, dificultar ou até impedir a penetração na relação sexual, reduzir a elasticidade, além de provocar outras alterações na região do períneo”, afirma.
“É como se a mulher criasse uma barreira que a impede a penetração total, muitas conseguem parcialmente apenas e, outras, nem isso. E mais, elas também não conseguem realizar exames ginecológicos”, acrescenta Débora Pádua.
Consequências desse tipo de problema
Esse tipo de problema pode trazer outras várias consequências negativas para a vida das pacientes. “Mulheres com 20 anos de casamento se sentindo discriminadas, com baixa autoestima, depressivas por se sentirem menos mulheres que outras, mulheres que são traídas e todos acreditam que o motivo é aceitável, pois elas não têm relação com o marido e muitas não conseguem ter filhos ou precisam de fertilização para isso, já que o pênis não entra no canal vaginal”, comenta Débora Pádua.
Fisioterapia pélvica como forma de tratamento
Por muitos anos, somente a psicologia tentava tratar as mulheres com esses tipos de problemas. Hoje, existe também mais uma forma de tratamento, a fisioterapia pélvica, por exemplo, ajuda estas mulheres em praticamente 100% dos casos e com pouco tempo de tratamento.
Massagem perineal, eletroestimulação, dilatadores vaginais e exercícios apropriados são indicados para a melhora desse tipo de disfunção. Assim, em cerca de 2 meses, a mulher já sente o corpo voltando ao normal. “Dor na relação tem tratamento, e sentir dor nunca é normal”, ressalta Débora Pádua.
Conhecimento corporal e orgasmo
Além da dor durante a relação sexual impossibilitar que essas mulheres, muitas vezes, sintam prazer, Débora Pádua explica que a falta de conhecimento com o próprio corpo também é um dos fatores que levam à ausência de orgasmo. “Muitas delas nunca tocaram nem o clitóris – considerado o principal ponto de estímulo feminino – e tampouco conhecem ou têm a percepção da região pélvica”, afirma.
Para a profissional, as mulheres precisam se permitir experimentar o prazer. “O prazer está ao alcance de qualquer mulher e o sexo tem que ser prazeroso sempre, basta encontrar o ponto de prazer que muitas vezes está escondido em cada uma de maneira bem individual”, diz.
Por Mayra Barreto Cinel
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