Entenda por que algumas mulheres sentem dor durante as relações sexuais

Educadora sexual explica como algumas condições impedem mulheres de sentirem prazer

  • Por EdiCase
  • 06/09/2023 13h00 - Atualizado em 06/09/2023 13h48
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A falta de conhecimento sobre o próprio corpo impende mulheres de terem orgasmos A falta de conhecimento sobre o próprio corpo  impende mulheres de terem orgasmos Imagem: GoodStudio | Shutterstock

Algumas mulheres são completamente impedidas de ter relação sexual e até de realizar exames ginecológicos. Isso porque elas são vítimas das disfunções sexuais classificadas como vaginismo e dispareunia.

“Vaginismo é quando a mulher não consegue permitir a penetração do pênis, e muitas também não conseguem realizar exame ginecológico. Já a dispareunia é quando a mulher tem dor recorrente por mais de 6 meses”, comenta Débora Pádua, fisioterapeuta pélvica e educadora sexual.

De acordo com o National Survey of Sexual Health and Behavior (NSSHB), uma das fontes de referência sobre comportamento sexual nos Estados Unidos, e diversos estudos relacionados, é estimado que uma proporção entre 10% e 30% das mulheres nos Estados Unidos possam vivenciar algum nível de desconforto durante o ato sexual.

Além disso, conforme o DSM5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) da Associação Americana de Psiquiatria, cerca de 15% das mulheres americanas relatam experienciar dor recorrente durante a relação sexual.

Causas das dores durante a penetração

Conforme explica a especialista em tratamento de vaginismo e dor na relação sexual, essas condições podem ter causas variadas. “Uma mulher pode desencadear a dor na relação sexual por uma alteração hormonal, por lesões provocadas por cirurgias ginecológicas e até pela radioterapia, que pode modificar a estrutura vaginal e assim favorecer o surgimento de pontos de dor, dificultar ou até impedir a penetração na relação sexual, reduzir a elasticidade, além de provocar outras alterações na região do períneo”, afirma.

“É como se a mulher criasse uma barreira que a impede a penetração total, muitas conseguem parcialmente apenas e, outras, nem isso. E mais, elas também não conseguem realizar exames ginecológicos”, acrescenta Débora Pádua.

Consequências desse tipo de problema

Esse tipo de problema pode trazer outras várias consequências negativas para a vida das pacientes. “Mulheres com 20 anos de casamento se sentindo discriminadas, com baixa autoestima, depressivas por se sentirem menos mulheres que outras, mulheres que são traídas e todos acreditam que o motivo é aceitável, pois elas não têm relação com o marido e muitas não conseguem ter filhos ou precisam de fertilização para isso, já que o pênis não entra no canal vaginal”, comenta Débora Pádua.

Fisioterapeuta tratando paciente
A fisioterapia pélvica é um dos tratamentos mais eficazes para disfunções sexuais (Imagem: Albina Gavrilovic | Shutterstock)

Fisioterapia pélvica como forma de tratamento

Por muitos anos, somente a psicologia tentava tratar as mulheres com esses tipos de problemas. Hoje, existe também mais uma forma de tratamento, a fisioterapia pélvica, por exemplo, ajuda estas mulheres em praticamente 100% dos casos e com pouco tempo de tratamento.

Massagem perineal, eletroestimulação, dilatadores vaginais e exercícios apropriados são indicados para a melhora desse tipo de disfunção. Assim, em cerca de 2 meses, a mulher já sente o corpo voltando ao normal. “Dor na relação tem tratamento, e sentir dor nunca é normal”, ressalta Débora Pádua.

Conhecimento corporal e orgasmo

Além da dor durante a relação sexual impossibilitar que essas mulheres, muitas vezes, sintam prazer, Débora Pádua explica que a falta de conhecimento com o próprio corpo também é um dos fatores que levam à ausência de orgasmo. “Muitas delas nunca tocaram nem o clitóris – considerado o principal ponto de estímulo feminino – e tampouco conhecem ou têm a percepção da região pélvica”, afirma.

Para a profissional, as mulheres precisam se permitir experimentar o prazer. “O prazer está ao alcance de qualquer mulher e o sexo tem que ser prazeroso sempre, basta encontrar o ponto de prazer que muitas vezes está escondido em cada uma de maneira bem individual”, diz.

Por Mayra Barreto Cinel

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