Tour gastronômico em Portugal: conheça as delícias lusitanas
Descubra os melhores destinos para você explorar ao máximo a culinária portuguesa
Lisboa é uma cidade aberta a novas experiências e tem, na gastronomia, um ponto forte de atração. Visitamos três joias gastronômicas da cidade, o Can The Can, o Restaurante e Cervejaria Trindade e a Mantegaria.
O restaurante e Cervejaria Trindade, que se apresenta como “a mais antiga cervejaria de Portugal”, é um local que merece a sua visita em Lisboa. O empreendimento pertence ao grupo Portugália. A história da cervejaria começou no ano de 1836, quando ela se ergueu sobre as ruínas do então Convento da Santíssima Trindade, datado de 1294.
Estando para comemorar 200 anos, o local histórico tem tons de cobre, lembrando a cerveja e azuis como os azulejos que a tornam histórica, icônica e única. O resultado? Um ambiente requintado e ainda mais acolhedor. O local está aberto a visitação todos os dias, a partir das 12 horas.
Espaços para visitar na Trindade
A Trindade oferece três espaços distintos: Átrio, refeitório e claustro.
Sala Átrio
O primeiro, “que é hoje o principal acesso à cervejaria Trindade, está integrado no edifício remanescente do antigo Convento”. Aquela que, por muito tempo, foi “a única sala de atendimento ao público”. O restaurante propriamente dito, onde funcionou a Fábrica de Cerveja da Trindade, “é a mais importante construção remanescente do convento original”.
“Em 1864, sendo a primeira sala [o átrio] notoriamente pequena para atender à procura, o estabelecimento foi prolongado para este salão, então decorado com magníficos painéis de azulejos, representando, na parede norte, os quatro elementos, na parede sul, as estações do ano, e ao fundo da sala, o comércio e a indústria”.
Sala Maria Keil (refeitório)
Já a sala Maria Keil integrava as áreas que, de 1864 a 1935, acolhiam a Fábrica de Cerveja Trindade. Com o encerramento da mesma e manutenção apenas da cervejaria e restaurante, esta ficou desocupada durante mais de uma década.
Maria Keil do Amaral foi a artista convidada para tratar da decoração. Desenvolveu, para isso, “uma série de painéis de mosaico em pedra, inspirados no trabalho de calçada portuguesa, que por sua vez tem as suas raízes ancestrais nos mosaicos que decoravam o chão e as paredes das vilas e templos romanos. Trabalho naturalista, estes painéis são um bom exemplo das correntes artísticas decorativas da segunda geração do movimento modernista português”.
Sala dos Arcos (claustro)
Por último, na sala dos arcos, “é perfeitamente reconhecível o que resta da galeria norte do claustro original, reconstruído em meados do século XVIII, mais precisamente em 1756. Tratou-se, na verdade, de uma grande reconstrução de raiz, levada a cabo após a catastrófica destruição sofrida pelo convento [do qual pouco sobrou] no terremoto de 1755”.
O evento dramático foi responsável pelo aparecimento da expressão “cai o Carmo e a Trindade”, usada sempre que há uma grande tragédia. Referia-se ao desabamento dos conventos do mesmo nome, edificados numa das colinas de Lisboa que mais sofreu com o terrível sismo. Os arcos que resistem e dão nome à sala, revelam, com a sua “construção sóbria, sólida e elegante”, a prosperidade da Ordem Trina na época.
Cardápio eclético com clássicos de sucesso
No cardápio, os clássicos permaneçam fazendo sucesso. “A Trindade continua a ter no seu bife o carro-chefe. Podemos destacar o bife de lombo à Trindade ao preço de 25,40 euros, o brás de bacalhau, a 17,90, o polvo assado no carvão, a 64,00 — que serve até três pessoas. Se quiser petiscar, tem a trilogia de queijos e o croquete da casa. Já para sobremesa, pode pedir o pudim de cerveja, a 6,80 — excepcional — ou o arroz-doce queimado com compota de limão, a 5,90 — único e exclusivo. Para acompanhar, nada melhor que uma das cervejas artesanais da marca Trindade, que fecham os sabores exclusivos da casa.
Sabores naturais do Can The Can
Outra atração gastronômica para quem visita Lisboa é o Can The Can, que abriu em 2012 com um conceito único no mundo — o de promover a indústria conserveira nacional, as conservas portuguesas e os modos de conservação tradicionais. Essa é uma das mais importantes e respeitadas indústrias portuguesas.
No Can The Can, se pratica a cozinha tipicamente atlântica, que se define pela utilização de produtos naturais, principalmente pescado, confeccionados adequadamente em torno de ingredientes saudáveis, utilizados pelos povos mediterrâneos e atlânticos há mais de cinco mil anos — povos que, ao longo dos tempos, desenvolveram a arte da preservação dos alimentos.
Indústria conserveira
A indústria conserveira nacional nasce em Portugal, em Setúbal, em 1854, num país de zona costeira única, com uma tradição ancestral de pesca e qualidade de pescado inigualável. É também a indústria mais antiga e querida em Portugal. Simultaneamente, investigamos a história da indústria conserveira em Portugal, as centenas de empresas que existiram, milhares de marcas, embalagens lindas, um setor cheio de “sangue, suor e lágrimas”, uma das indústrias mais antigas do país.
É este o trabalho que faz com que o Can The Can seja procurado por milhares de turistas que querem conhecer detalhadamente esse projeto, que tornou as conservas portuguesas partes integrantes da oferta turística de Lisboa, inseridas como complemento de lazer para apreciadores da gastronomia e cultura nacionais.
Desenvolvimento do projeto da indústria conserveira
O projeto tem evoluído naturalmente ao longo dos anos, e o Can The Can conta presentemente com Pedro Almeida como Chef executivo. Ele coordena mais de 20 funcionários. Pedro Almeida lidera o trabalho de experimentação e investigação do projeto de evolução conceptual do Can The Can, trabalhou na cozinha do L’And com Miguel Laffan, quando, em 2011, ganharam a primeira estrela Michelin para o Alentejo. É Um jovem Chef que aceita os desafios que lhe são colocados, trazendo propostas e estudando e aprofundando a informação passada e acrescentando valor e entusiasmo.
Doces convencionais da Manteigaria
A Manteigaria – Fábrica de Pastéis de Nata foi fundada em 2014 e a sua matriz está localizada no Chiado, na rua do Loreto nº 2. Foi erguida num prédio cuja construção remonta ao ano de 1900. Esse local foi um marco histórico da cidade, a sede da Manteigaria União, daí o nome da fachada — que foi cuidadosamente preservada. Com um produto único, a Manteigaria é uma marca cheia de simbolismo e atratividade.
Um pastel de nata elaborado pelas mãos experientes de mestres pasteleiros, numa receita exclusiva e com uma criteriosa escolha de matérias-primas de qualidade superior. O processo de fabricação distinto, totalmente artesanal numa fábrica visível aos clientes, onde é possível assistir a toda a atividade artesanal e que resulta num pastel de nata cuidadosamente criado e aperfeiçoado, que é hoje uma referência da doçaria tradicional portuguesa.
A cada fornada e em cada fábrica, é tocado o sino que informa os clientes dos pastéis de nata que acabaram de sair do forno. Atualmente, a Manteigaria conta com seis fábricas em Lisboa: Chiado, Time Out Market, Rua Augusta, Alvalade, Belém e Campo de Ourique e duas fábricas no Porto: junto ao Bolhão e na Rua dos Clérigos.
Atrações gastronômicas do Bairro do Ribeira
No bairro da Ribeira, uma dica é comer na Adega São Nicolau — casa típica que propõe pratos regionais deliciosos, além de oferecer uma das mais completas cartas de vinhos. O local tem uma pequena esplanada que possibilita vistas deslumbrantes do Douro. Experimente o polvo a La Gareiro e os bolinhos de bacalhau de entrada.
Francesinha, ícone gastronômico do Porto
A dica gastronômica para quem visita a cidade é saborear a famosa francesinha, prato típico do Porto. Trata-se de um suculento sanduíche feito com linguiça, salsicha, fiambre, presunto, bife de vaca ou lombo de porco coberto com queijo derretido. O toque especial fica com o molho feito à base de tomate, cerveja e outros condimentos, e o prato ainda vem acompanhado de uma porção de batatas fritas.
Os recantos de Santa Maria da Feira
Depois de explorar o Porto e as cidades que ficam ao lado, é hora de começar a descobrir outros recantos majestosos do Norte. Fomos conhecer Santa Maria da Feira, uma região belíssima, que, no final dos séculos 11 e 12, era conhecida como “Terras de Santa Maria”, e principal elo entre a região Norte e Coimbra.
O ponto alto de seu patrimônio é o seu castelo construído no século 15, com um traçado pouco habitual nas edificações de castelos portugueses, parece ter saído de um conto de fadas. Outro atrativo interessante é o museu local com exposições temporárias e as obras do pintor António Joaquim, considerado um dos mais completos ícones da pintura contemporânea portuguesa.
Taberna do Xisto
Depois de explorar o castelo e se admirar com as paisagens internas, é hora de almoçar. Indicamos o restaurante a Taberna do Xisto. Um espaço moderno e descontraído que oferece pratos da mais alta gastronomia portuguesa. Experimente o bacalhau à moda. O prato serve tranquilamente duas pessoas. Dispense as entradas, que são deliciosas, mas um pouco exageradas. Coisas da fartura portuguesa.
Explorando o extremo norte de Portugal
Outra cidade que merece uma visita é Bragança, situada no extremo norte de Portugal, na região conhecida como Trás-os-Montes, detentora de um dos castelos mais lindos de Portugal e talvez de toda a Europa. A obra do século 12 ressalta a arquitetura militar em estilo gótico. Na torre principal, funciona um museu com acervos de armas desde as primeiras batalhas do século 12 até as usadas durante a Primeira Guerra Mundial.
Recomendamos ao menos dois dias de visita por lá, pois há uma grande variedade de atrações históricas e gastronômicas. Rasgar as ruas do centro histórico é uma boa pedida. Comece o seu tour na rua dos Combatentes da Grande Guerra, que abriga um variado casario Trasmontano, ostentando brasões de tradicionais e poderosas famílias portuguesas. A Casa dos Arcos é um excelente exemplo dessas residências.
Museu de Baçal
Outra visita quase obrigatória é conhecer o Museu de Baçal, inaugurado em 1935, que abrigava anteriormente o Palácio Episcopal. O espaço homenageia o padre, escritor e poeta de mesmo nome. Lá você vai encontrar uma coleção raríssima de máscaras de madeira usadas durante o carnaval e nas alegres festas das aldeias, além de peças usadas pela sociedade, como braseiros, esculturas, lanças e relicários de famílias tradicionais bragantinas.
Restaurante O Javali
A gastronomia local também é farta, mas tem na caça suas principais atrações. Perdiz, coelho e pomba são os pratos mais pedidos. Aliás, a estrela do cardápio é o javali. Não deixe de realizar uma experiência gastronômica do restaurante, O Javali, agraciado com uma estrela do Guia Michelin.
Delicias marinhas no Mercado Municipal
O Mercado Municipal, embora de construção mais moderna e recente, abriga belas peixarias, frutarias e ótimos restaurantes. Ele é o ponto de referência e de encontro da população do “grande Porto” e dos turistas. Uma visita que fizemos foi uma surpresa à parte: conhecer as dependências da fábrica de conservas Pinhais, que desde 1920 utiliza produção tradicional de seus produtos, levando o nome e as sardinhas pescadas ali para mais de 20 países. A empresa pretende entrar no Brasil e sua produção já está na quarta geração da família.
O peixe é, na verdade, a grande fatia da economia local. Uma dica é provar as delícias dos restaurantes locais, que servem o peixe assado na hora com segredos no tempero. Experimente o Robalo do Valentim. O melhor que já comi em toda minha vida. Não deixe de provar as lulas, as sardinhas na brasa, os percebes e o delicioso rodovalho.
Por Cláudio Lacerda Oliva – Revista Qual Viagem
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