Veja como a superproteção pode afetar o futuro das crianças

Especialista explica sobre os perigos de não permitir que crianças enfrentem os próprios fracassos

  • Por EdiCase
  • 22/12/2023 17h30 - Atualizado em 22/12/2023 17h48
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‘Overpareting’ é o termo usado para o excesso de proteção dos pais com os filhos ‘Overpareting’ é o termo usado para o excesso de proteção dos pais com os filhos Imagem: Rido | Shutterstock

O mundo está evoluindo e, com ele, o modo de educar as crianças. Percebemos isso por meio da constante competitividade e necessidade de sucesso que os novos tempos têm estabelecido. Por exemplo, se antes os questionamentos faziam parte da vida das crianças e adolescentes como uma forma de educar, atualmente a verdade dos mais jovens é aceita por pais e tutores, mesmo diante de contradições.

No entanto, o comportamento de proteger os filhos para evitar frustrações tem estabelecido o padrão chamado ‘overpareting’, um excesso de proteção que tem levado a uma preocupante falta de resiliência e habilidades essenciais para lidar com adversidades na vida adulta.

Exemplo de ‘overparenting’

Recentes estudos conduzidos pela Queensland University of Technology apontam que pais engajados com o overparenting tendem a aceitar a versão de seus filhos independentemente dos fatos, e estão inclinados a acreditar neles, mesmo diante de contradições evidentes, negando a possibilidade de que tenham cometido erros ou falhado.

Um bom exemplo de situações assim, são as reprovações escolares, tão traumáticas para os estudantes e a família. É preciso que os pais estejam atentos para a situação, estejam ao lado dos filhos, mas procurem entender os reais motivos para essa reprovação, e não fiquem pensando, apenas, que o jovem é vítima da perseguição de professores, como acontece em muitos casos.

Diante de situações como essa, os responsáveis devem orientar e conscientizar o adolescente para a importância de uma dedicação maior aos estudos, concentração. E mais que isso, é preciso que os pais expliquem aos filhos que frustrações, tropeços e erros farão parte da vida deles.

Consequências da superproteção

O overparenting tem gerado consequências drásticas nas esferas escolares e sociais, levando crianças e adolescentes ao esgotamento mental e emocional. Uma obsessão pelo futuro de sucesso tem sido cultivada desde tenra idade, privando-os da vivência essencial de uma infância e adolescência equilibradas.

Carolina Delboni, pedagoga, educadora e pesquisadora especializada no comportamento adolescente, destaca: “A busca incessante pelo sucesso tem sugado a possibilidade de uma infância e adolescência saudáveis. Vivemos em uma era onde as crianças não são mais autorizadas a enfrentar seus próprios fracassos, um comportamento que pode acarretar graves problemas no futuro.” 

Enfrentar desafios desenvolve habilidades essenciais para a vida adulta Imagem: LightField Studios | Shutterstock

Perigos para a saúde mental e emocional

Os desafios emergentes desta realidade têm despertado a atenção de especialistas em comportamento adolescente e educação. Profissionais como Carolina Delboni, reconhecida por suas pesquisas e estudos sobre o desenvolvimento infantil, têm alertado sobre os riscos desse padrão parental excessivamente protetor.

A saúde mental e emocional dos jovens está em risco, conforme salienta a especialista, pois a falta de habilidades para lidar com frustrações pode gerar dificuldades no trabalho em equipe e ansiedade na vida adulta.

Desafios fazem parte do desenvolvimento

É crucial compreender que todo sucesso está permeado por uma jornada de erros e fracassos. Permitir que crianças e adolescentes vivenciem essas experiências desde cedo é fundamental para seu crescimento saudável. Carolina enfatiza que os pais desempenham um papel vital ao permitir que seus filhos enfrentem desafios de maneira positiva, promovendo a aprendizagem por meio das próprias experiências.

O overparenting está afetando o potencial de muitas crianças e adolescentes, minando sua resiliência e habilidades essenciais para enfrentar desafios. Ao reconhecer e corrigir esse padrão, estamos pavimentando o caminho para um futuro mais promissor.

Por Amanda Galdino

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