Maggi anuncia que desiste de eleição e segue ministro de Temer
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP-MT), anunciou nesta segunda-feira (26) que não deverá ser candidato nas eleições deste ano e seguirá à frente da pasta até o fim do mandato do presidente Michel Temer.
Senador licenciado, o ministro fez o “anúncio oficial” em Cuiabá e debelou a expectativa do universo político de que ele tentasse reassumir o governo de Mato Grosso ou se reeleger parlamentar pelo Estado. Maggi já governou Mato Grosso em dois mandatos (2003 a 2010). Apesar de dizer que já vem “amadurando” a decisão “há algum tempo”, Maggi deu sinais contrários há duas semanas, quando disse que deixaria o ministério para concorrer em outubro.
Blairo Maggi responde a investigações da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal e no Estado de Mato Grosso, em que é acusado de liderar organização criminosa que desviou recursos públicos do Estado (veja mais detalhes abaixo).
Dono de fortuna bilionária, Maggi disse que pretende se dedicar aos negócios rurais da família quando deixar o governo. A empresa Amaggi é um dos maiores conglomerados do agronegócio brasileiro. O político e empresário cogita “estudar inglês fora do País”.
Foro privilegiado e imputações sobre Maggi
“Por que (o anúncio da candidatura) tem que ser hoje? Pois entendo que o quadro político de Mato Grosso, embora eu não participe das discussões, meu nome acaba ficando ancorado nesse processo. Percebo que enquanto eu não tomar decisão, muitas coisas não se definem”, disse Blairo Maggi nesta segunda, em referência aos inquéritos a que responde.
O ministro disse que não tem medo de perder o foro privilegiado.
“Se tivesse receio de perder o foro por ser investigado, disputaria as eleições, mas optei por não fazer isso. As acusações são na esfera jurídica e responderei na esfera jurídica”, disse o senador licenciado.
Maggi é acusado de oferecer vantagem indevida para evitar a delação premiada do ex-governador do Mato Grosso, Silval Barbosa. Ele também teria solicitado empréstimos fraudulentos para cobrir rombo do Estado. O ex-governador é acusado ainda de participar da distribuição de um “mensalinho” a dezenas de deputados estaduais financiado por meio de precatórios autorizados para a empreiteira Andrade Gutierrez. Ele nega todas as imputações.
Maggi é investigado também por supostas irregularidades, como o pagamento de propinas, obstrução da Justiça e favorecimento de empresas em contratos quando era governador de Mato Grosso (2003-2010). Ele foi apontado como líder da organização criminosa pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
A casa do ex-governador foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal em setembro do ano passado. Em nota, Maggi disse que nunca agiu ou autorizou ações ilícitas dentro do governo.
Blairo Maggo também foi acusado por delatores da Odebrecht de receber propina em sua campanha à reeleição, em 2006.
No governo de Michel Temer, Blairo Maggi também foi responsável por articular politicamente no plano internacional a tentativa de recuperação da imagem do Brasil após a Operação Carne Fraca, que demonstrou corrupção no ministério da Agricultura com as maiores empresas do setor para aliviar a fiscalização de frigoríficos.
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