A 12 dias da eleição, fracassa articulação para chapa única de centro

  • Por Jovem Pan
  • 25/09/2018 16h25 - Atualizado em 25/09/2018 17h08
Agência Senado Fernando Bizerra/Agência Senado O Jurista Miguel Reale Júnior

Candidatos à presidência da República que representam o centro do espectro ideológico — Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Álvaros Dias (Podemos) — participariam nesta terça-feira (25) de uma reunião para tratar da possibilidade de uma candidatura única de Centro à presidência da República, na eleição deste ano. A proposta seria se contrapor aos dois candidatos vistos como mais radicais: Jair Bolsonaro (PLS), à direita, e Fernando Haddad (PT), à esquerda.

Mas o encontro não aconteceu, segundo o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que faz parte do grupo incentivador da ideia. De acordo com ele, Marina Silva e Henrique Meirelles desistiram no final da tarde desta segunda-feira e João Amoêdo (Novo) já havia declinado no sábado. “Curiosamente, o NOVO não quis, mas seria uma ideia nova de fazer política”, disse em entrevista à Jovem Pan.

“Hoje poderia ser um dia importante para a história brasileira e não está sendo”, afirmou. “Quem estava mais firme era Álvaro Dias, o Geraldo Alckmin também compareceria. Até sugerimos que os dois comparecessem e convocassem os demais, mas Alckmin disse que ficaria frágil o comparecimento só dos dois e achou que não valeria a pena comparecer”, explicou o jurista.

Miguel Reale Júnior disse que a ideia era fazer uma candidatura com uma pessoa que agragasse. “Não seria apenas um candidato único, mas um governo único: quatro ou cinco candidatos governando juntos”, afirmou ele. O jurista diz esperar que a reunião ainda aconteça. “É a única possibilidade para haver uma luz e um caminho para o destino muito complicado e angustiante que teremos adiante”, completou ele.

‘Nada a ver com PSDB’

O jurista Miguel Reale Júnior negou que a iniciativa tenha surgido após a carta divulgada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nas redes sociais, na qual defendeu que ainda há tempo para “deter a marcha da insensatez”. No post, Fernado Henrique sugeriu uma reunião de “candidatos que não apostam em soluções extremas”.

Segundo Reale Júnior, contudo, a ideia surgiu antes da carta. “Essa iniciativa não tem nada a ver com FHC ou com o PSDB”, afrmou. Até porque, segundo ele, depois do post, o ex-presidente publicou um tweet no qual sugeriu que essa solução seria Geraldo Alckmin. “Quem veste o figurino é o Alckmin”, escreveu na ocasião.

A versão dos candidatos

O presidenciável Geraldo Alckmin declarou nesta terça-feira que não teve nenhuma informação sobre a reunião que aconteceria em São Paulo. “Nunca teve na minha agenda nenhuma reunião”, disse ele.

O emedebista Henrique Meirelles afirmou que um assessor seu foi consultado e perguntou se ele gostaria de ir ao encontro, mas o candidato sugeriu que Alckmin desista da candidatura e o apoie. “Eu digo, não precisa de reunião, a solução é muito simples: basta o candidato do PSDB e de vários partidos do Centrão, Geraldo Alckmin, que está estagnado ou caindo nas pesquisas, renuncie a sua candidatura, me apoie porque eu sou o candidato do centro democrático que está crescendo”. A declaração foi dada à imprensa na tarde desta terça-feira (25), durante visita ao Mercado Municipal de São Paulo.

Álvaro Dias, por sua vez, confirmou que iria à reunião, mas que, diante da desistência dos outros candidatos, o encontro foi cancelado. O candidato, porém, negou que desistiria de concorrer à presidência “em nome de uma suposta união de centro”.

A assessoria de Marina Silva confirmou que foi procurada para participar do encontro. As negociações teriam prosseguido até domingo, quando os assessores declinaram da ideia. “Os contatos entre assessores prosseguiram até o domingo (23), quando foi informado que os candidatos Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles também participariam. Diante do novo contexto, ainda no domingo, a assessoria de Marina Silva declinou do convite e sequer participou de reunião nesta segunda-feira.”

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