Agronegócio tem medo de mim, mas deveria sorrir, diz Marina em Goiás

  • Por Estadão Conteúdo
  • 24/08/2018 20h33 - Atualizado em 24/08/2018 20h33
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Jovem Pan Marina também defendeu a abertura de espaço comercial internacional para o escoamento de produtos brasileiros. "Vamos buscar abrir espaço comercial, desconstruindo barreiras não tarifárias para os nosso produtos. Quem conhece do braqueado, sabe como abrir os caminhos", disse.

Na tentativa de se aproximar de setores sustentáveis do agronegócio, Marina Silva, candidata da Rede à Presidência da República, afirmou nesta sexta-feira, 24, que, em seu eventual governo, defenderá a expansão da agricultura sustentável, a ampliação da oferta de crédito para produção, a diversificação de projetos para facilitar o acesso aos recursos, e a criação de oportunidades para melhorar a assistência técnica para pequenos, médios e grandes produtores.

“Temos no nosso plano de governo o objetivo de fazer do Brasil o país mais sustentável e com maior produtividade agrícola do mundo”, disse. Marina visitou a Fazenda Santa Brígida, em Ipameri, no interior de Goiás. A propriedade é considerada pela Embrapa como modelo de produção sustentável.

Marina também defendeu a abertura de espaço comercial internacional para o escoamento de produtos brasileiros. “Vamos buscar abrir espaço comercial, desconstruindo barreiras não tarifárias para os nosso produtos. Quem conhece do braqueado, sabe como abrir os caminhos”, disse.

Dentre as propostas para o setor, a candidata citou também a expansão da agricultura de baixo carbono no âmbito do Plano Safra e a ampliação das tecnologias desenvolvidas pela empresa. “Vamos fazer isso para que os nossos agricultores continuem gerando emprego e renda e o Brasil possa reduzir a sua meta de emissão de CO2 no âmbito da Convenção do Clima”, disse.

Marina destacou a necessidade de se investir em plantações e cultivos com baixo impacto de carbono, com a integração do sistema lavoura-pecuária-floresta, e com a recuperação de pastagens degradadas e a implementação da técnica de fixação biológica de nitrogênio no solo para aumentar a produção. “A gente vai dobrar, triplicar a nossa produção por ganho de produtividade. O agronegócio tem medo de mim, mas comigo deveria ficar sorrindo como vocês ficaram”, afirmou Marina.

A candidata lembrou que existem cerca de 50 milhões de hectares, 30 milhões deles só no Cerrado, desmatados no País para produção agrícola mas a produtividade da maior parte desta área ainda não é satisfatória. Ela defendeu o emprego de novas tecnologias aliadas à práticas sustentáveis para que seja possível produzir mais em uma menor área.

Durante a visita à fazenda, a candidata conheceu as práticas adotadas na propriedade e escutou dos agricultores alguns pedidos para o setor, principalmente em relação à mudanças na forma de se obter crédito agrícola. “Sem crédito não tem solução E ele precisa estar disponível de uma forma mais rotativa, menos engessada. Hoje se libera o recurso por produto mas precisamos que ele seja liberado por sistema”, afirmou a proprietária da fazenda, Marise Porto. Ela cobrou ainda que Marina tenha uma “equipe afinada que jogue o jogo junto com você”.

“Eu decidi vir aqui nesta fazenda justamente para mostrar que é possível ter esse tipo de experiência em grandes propriedades, com grande escala. Porque, às vezes a gente mostra uma iniciativa do pequeno produtor e as pessoas não acreditam que isso pode ser feito em outros lugares também. Não precisamos inventar a roda, a roda está feita. A gente só precisa implementar o que já existe”, disse.

Marina criticou também a chama “PEC do Veneno”, uma proposta de emenda à Constituição, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. O texto libera o uso de agrotóxicos que já são proibidos no país. Questionada se vetaria a proposta, Marina afirmou que ela prejudica a competitividade do mercado agropecuário do país.

“O projeto não é adequado para o Brasil. Para o Brasil se tornar competitivo na agricultura, quanto melhor forem as nossas práticas, maior chance de colocar os nossos produtos lá fora. Não é necessário que a nossa agricultura lance mão de agrotóxicos condenados nos Estados Unidos e Europa. Se fizer isso, teremos mais dificuldade de vender nossos produtos lá fora”, disse.

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