Ajuste fiscal é o ‘grande nó da economia brasileira’, diz economista de Ciro

  • 26/09/2018 16h06 - Atualizado em 26/09/2018 16h29
Estadão nelson marconi Nelson Marconi ainda contou que espera uma evolução de 5% da economia

O professor da FGV-SP e assessor econômico Nelson Marconi, que integra a equipe de Ciro Gomes (PDT), participou do Jornal Jovem Pan desta quarta-feira (26) e categorizou o ajuste fiscal como o “grande nó da economia brasileira”. Marconi também revelou que pretende zerar o déficit primário em dois anos.

“Para solucionar outros problemas, precisamos passar por isso [ajuste fiscal]. Esse ajuste fica em torno de 2,5% do PIB, depende do que for obtido nos três níveis de governo. Estimamos um ajuste de R$ 170 bilhões e queremos zerar esse déficit primário, sem contar os juros, em dois anos”, explica.

A solução para o caso, de acordo com o economista, passa por quatro esferas. “Elas envolvem redução de despesas, aumento de receitas, crescimento econômico e a própria redução de juros, que vai ajudar no crescimento”.

Entretanto, quando falamos de aumento de receitas, logo pensamos na subida dos tributos. E Marconi não nega que isso acontecerá no governo de Ciro. “Vamos criar um imposto sobre lucros e dividendos distribuídos. Teremos também uma redução sobre a pessoa jurídica. Queremos diminuir o imposto de renda para essas pessoas. Queremos torná-las mais competitivas”.

Quando se trata do imposto de renda para pessoa física, o assessor conta que não haverá grandes mudanças. “Eu não acredito nessas propostas que vão isentar o imposto de renda de pessoas que ganham até R$ 5 mil. Não é viável tirar essas pessoas da base tributária. Vamos reduzir os subsídios em 15% no primeiro ano, para poder diminuir as despesas”.

Outro tema bastante falado do plano de governo do pedetista é em relação aos nomes no SPC. Para isso, Marconi admite que vai facilitar a negociação de devedores junto ao sistema bancário. “Muitas pessoas se endividaram com a crise, foram se enrolando com a taxa de juros e precisamos arrumar uma forma de ajudá-las a sair”.

O economista comparou o programa de limpeza de nomes aos feirões realizados por bancos, mas com uma diferença. “Os feirões faziam com que as pessoas tivessem que pagar à vista o débito que seria renegociado. Nós vamos fazer isso de forma articulada com o sistema financeiro, incluindo bancos públicos e privados, e dar um prazo maior para essas pessoas pagarem”.

Sobre a previdência, Nelson Marconi acredita em um regime de partição que combine os três sistemas: renda mínima, repartição e capitalização. ” Esses regimes têm que estar combinados. Daqui alguns anos teremos duas pessoas ativas para financiar um aposentado se não mudarmos o sistema”. Mesmo assim, segundo o assessor econômico , para quem tem até certo nível de renda, o regime continua o mesmo. “A sociedade que vai definir onde será esse traço”, conta.

Em relação ao teto de gastos, Marconi discorda do modelo atual e diz que é inviável. “O teto é necessário, mas deveria ser diferente e ter dois critérios. O primeiro seria a evolução das despesas em relação ao PIB per capta. O segundo é em relação à evolução da dívida”.

Nelson Marconi ainda contou que espera uma evolução de 5% da economia e revelou que para que isso aconteça será necessário a combinação de três vertentes: redução de despesas, aumento de receitas e queda de juros.

Apesar de Ciro Gomes se mostrar, por muitas vezes, contra às privatizações, o economista diz que a intenção é defender o empresariado nacional. “Não temos nada contra o capital estrangeiro, mas somos nós que temos que ditar o ritmo que vamos explorar isso”.

Ainda sobre as estatais, Marconi explica que as privatizações devem ser feitas de acordo com os interesses da população. “O serviço está sendo eficiente? A população está pagando um preço adequado? É uma coisa que o setor privado poderia estar fazendo de forma mais eficiente? Vamos estudar caso a caso”.

Mesmo assim, alguns desses casos serão deixados de fora. “Petrobras, Eletrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, essas não queremos mexer. Em relação às outras empresas, não temos nenhum preconceito contra a privatização”, finaliza.

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