Alckmin defende privatização, maior competição entre bancos e critica ‘cultura do Estado se meter em tudo’
Em sabatina ao setor da construção civil, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, defendeu uma menor presença do Estado na economia, o estímulo à maior concorrência, a simplificação de impostos e as privatizações.
“Precisamos estimular a economia através de mais concorrência e mais competição, esse é o caminho”, defendeu o tucano, que participou de sabatina na Câmara Brasileira da Indústria da Construção nesta segunda-feira (6).
O ex-governador paulista criticou a “cultura do Estado se meter em tudo” e lembrou que vetou em São Paulo um projeto de lei que pretendia determinar a “segunda-feira sem carne”. “Segunda sem carne até tudo bem. Agora imagina terça sem café. Ou sexta sem chopp. Daí não dá”, brincou o tucano.
O tucano defendeu um “esforço conciliatório” para o desenvolvimento do País e disse que este esforço permitiu os grandes “avanços” no Brasil, como o plano real. O ex-governador paulista afirmou vai “trabalhar junto” do setor de construção civil, destacando a importância deste para o mercado de trabalho.
Privatizações e regulação
Sem citar quais empresas seriam desestatizadas, Alckmin defendeu a necessidade das privatizações. “O Estado é planejador, regulador e fiscalizador, mas ele não deve ser empresário”, disse o tucano.
O candidato também quer que as agências reguladoras sejam despartidarizadas. “A agência reguladora é técnica, extrapola o seu mandato”, disse. “Ninguém vai investir em uma concessão de 20, 30 anos se não tiver segurança jurídica e agência extremamente profissionalizada”.
Alckmin advogou uma “agenda de competitividade” e disse que “o Brasil é um País caro”. O tucano afirmou que os EUA têm mais de 4 mil bancos e defendeu: “Precisamos abrir mais, trazer mais players, trazer mais competição, competição, competição”, reforçou. O tucano criticou o alto valor do spread bancário, o “custo do dinheiro”.
“Me perguntam, você vai privatizar a Caixa Econômica Federal? Não, o que eu quero é mais banco, e não menos banco”, disse.
Guerra comercial
Alckmin disse também que a guerra comercial entre EUA e China “não é bom para ninguém”. “A guerra comercial dessa proporção eleva o protecionismo e diminui a força da economia mundial, que vai muito bem”, declarou.
O candidato enfatizou, no entanto, a necessidade de “defender o produto brasileiro no momento de protecionismo e, por outro lado, fazendo acordos (com outros países) mais fortemente”.
Para Alckmin a área do território brasileiro utilizada pela pecuária é “subutilizada” e “pode avançar”.
Impostos e crédito
Alckmin disse que “deve rever o FI-FGTS”, fundo de investimentos bilionário, gerenciado pela Caixa, que aplica dinheiro do trabalhador em obras de infraestrutura e rende abaixo de outros investimentos de mercado.
“Eu queto que todo, todo, todo o dinheiro do FGTS vá para seu fim primordial: moradia, infraestrutura, saneamento, mobilidade”, disse o tucano. “Eu sou da linha da transparência absoluta”, garantiu o ex-governador.
“Não vamos perder nenhum centavo. Vocês vão ter muito mais crédito”, prometeu o tucano aos membros da indústria da construção.
“Nenhum governo deve tributar o outro, só que o governo federal tributa as empresas de saneamento”, citou também Alckmin. “É inacreditável cobrar imposto de água de torneira”, disse, apontando para o Pasep e o Cofins. Se eleito, o candidato disse, porém, que não vai zerar as taxas, mas reaplicá-la. “Nós vamos devolver todo esse dinheiro só para investimento em saneamento básico”, afirmou.
O tucano também se comprometeu em destravar o crédito e estimular competição no setor. “A base de tudo é emprego, emprego, emprego, renda, renda e renda”, priorizou Alckmin. “A economia moderna ainda não inventou consumo sem salário. Quem vai consumir?”, questionou.
Simplificação
Alckmin defendeu reformas no Estado para que se abra espaço para o ajuste fiscal e o desafogar das contas públicas. “Política fiscal boa não tem déficit e abre espaço para investimento”, declarou.
O tucano se disse contra o imposto sindical obrigatório.
Assim como a candidata da Rede, Marina Silva, que falou mais cedo ao setor, o ex-governador paulista citou a reforma tributária, e defendeu a simplificação de impostos e junção de cinco tributos em “um IVA (imposto de valor agregado)”, além de ressaltar a necessidade da reforma da Previdência.
Ao falar sobre a reforma do Estado, Alckmin afirmou que “o Estado deve ser regulador e fiscalizador”. O tucano quer que “o Estado seja parceiro e não ônus” dos empresários. O candidato ainda destacou a importância da reforma política e criticou o grande número de partidos no País.
Questionado sobre a insegurança de agentes públicos em tomar decisões no Brasil, Alckmin falou em “rever normas legislativas, leis de licitações”.
Ministério Público e crustáceos
Questionado sobre um possível excesso de atuação do Ministério Público, Alckmin preferiu não citar diretamente o órgão e falou que o principal problema é legislativo. Mas lembrou caso de quando tentou fazer a transposição do rio Itapanhaú, de Bertioga, litoral paulista, para usar 10% de sua água para abastecer a capital, durante a crise hídrica. Alckmin apontou que a Justiça impediu a obra devido a uma preocupação ambiental, com os crustáceos do leito do rio. O tucano não citou, mas o a trava ocorreu a pedido do Ministério Público. “Como ficam os crustáceos?”, ironizou Alckmin, citando que o projeto visava a atender milhões de pessoas na região metropolitana. “Sugeri um artigo na época com o título ‘gente também é bicho'”, lembrou.
Educação
“Precisamos aproximar as universidades e institutos da iniciativa privada”, sugeriu Alckmin.
Assista à sabatina completa de Alckmin:
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Acompanhe a sabatina do candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin, do PSDB.
Publicado por CBIC Brasil em Segunda, 6 de agosto de 2018
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