Bolsonaro diz ter recebido dados ‘estarrecedores’, mas prevê transição ‘na mais perfeita harmonia’
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) concedeu nesta segunda-feira (29) sua primeira entrevista ao vivo na televisão após a votação do domingo (28). Falando à Record, o capitão reformado afirmou que já recebeu relatórios com dados “estarrecedores” sobre a atual situação do país do governo de Michel Temer (MDB), mas disse que mesmo assim acredita que a transição será “harmoniosa”.
“Alguns dados são estarrecedores”, revelou, citando a quantidade de funcionários em estatais como exemplo. No entanto, prometeu não fazer “maldades com o servidor público”. “Tenho certeza de que todos ficarão satisfeitos com a forma como trataremos essas questões”, disse.
“Se depender de mim, o governo Temer irá terminar na mais perfeita harmonia. Essa transição será bastante tranquila”, completou, ressaltando que o atual presidente estava “muito tranquilo” quando ligou para parabenizá-lo pela vitória. A partir da próxima semana, as equipes se reunirão em Brasília para discutir a transição.
Um dos planos de seu governo é privatizar empresas estatais, mas o ex-deputado prometeu fazer isso com “responsabilidade”. “Nós temos que ter responsabilidade nas privatizações. Vamos começar pelas deficitárias e faremos privatizações que não serão políticas”, explicou.
O presidente eleito citou também a necessidade de fazer a reforma da Previdência e de evitar a votação de pautas-bombas no Congresso, além de declarar que não será possível revogar o limite do teto de gastos.
Armas
Outra proposta que ganhou atenção durante a campanha foi a flexibilização da posse e do porte de armas. Um dia após a eleição, Bolsonaro explicou que pretende revogar o dispositivo que exige a comprovação da efetiva necessidade para a posse de arma, diminuir a idade mínima para 21 anos e dar o porte definitivo ao cidadão. Atualmente, ele é renovado a cada três anos. “Isso vira o ‘IPVA das armas’, não podemos de mais um encargo.”
Ao defender facilitações ao porte, falou sobre os caminhoneiros. “Por que o caminhoneiro não pode ter uma arma?”, questionou. O presidente eleito também defendeu que quem usá-la em defesa própria ou na de terceiros não deve ser punido. “Com o excludente de ilicitude, a criminalidade vai diminuir.”
No entanto, explicou que a adoção dessas novas medidas não significa que “todo mundo andará armado” pelas ruas. “Quem tiver uma arma vai ser responsabilizado por ela”, prometeu. “Devemos abandonar o politicamente correto e parar de achar que o Brasil vai ser melhor com todo mundo desarmado.”
Minorias e movimentos sociais
Um dos intuitos de armar o homem do campo, segundo ele, seria evitar a ação de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Ele pretende tipificar o MST e outros que invadem propriedades como “terroristas”. “Esses que vivem à margem da lei serão enquadrados, qualquer invasão do MST ou MTST tem que ser tipificada como terrorismo”, defendeu. “Não tem que ter conversa com movimento social que invade”, resumiu.
Falando sobre minorias, o capitão reformado afirmou que quer deixar toda a população em igualdade. “O que é minoria? Nós somos iguais”, respondeu. “Não podemos pegar certas minorias e achar que elas têm superpoderes. Se dermos igualdade para todo mundo, todos estarão satisfeitos.”
Equipe com Sérgio Moro
Com o fim do processo eleitoral, Bolsonaro confirmou que quer contar com participação do juiz Sérgio Moro, seja no Supremo Tribunal Federal, seja no Ministério da Justiça. “Eu pretendo indicá-lo. Será uma pessoa de extrema importância para o nosso governo”, antecipou. Mais detalhes foram dados em entrevista seguinte ao SBT.
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