Ciro Gomes sai como “grande perdedor” após articulação do PT, diz analista político
Nesta quarta-feira (1°), duas movimentações na política brasileira mexeram com partidos e candidaturas à Presidência da República. A Executiva Nacional do PT se reuniu em Brasília e fechou os termos de um acordo eleitoral com o PSB, enquanto o PSC confirmou que Paulo Rabello de Castro abriu mão da corrida e será o vice na chapa do senador Álvaro Dias (Podemos).
Mesmo sem estarem envolvidos diretamente nas duas negociações, PSDB e PDT foram influenciados pelos resultados, uma vez que os candidatos dos dois partidos tiveram de lidar com derrotas que podem impactar a campanha eleitoral, que será mais curta esse ano.
Ciro, o grande perdedor
O candidato do PDT, que já havia perdido o apoio do “Centrão” para Geraldo Alckmin, viu mais uma de suas tentativas de reforçar sua chapa morrerem na praia. O pedetista tentava atrair um apoio maciço do PSB, e agora deverá contar apenas com poucos diretórios do partido ao seu lado.
Para Valdir Pucci, cientista político e professor da UnB, Ciro foi o grande derrotado desta quarta porque o acordo entre PSB e PT enfraqueceu muito sua candidatura, além de ter reforçado a dificuldade que ele encontra de fechar alianças, quer seja por seu temperamento ou pelo fato de o partido ter preocupações mais regionais do que nacionais.
“Ele tinha a promessa inicial de formar uma boa coligação, juntando um bom número de partidos para ter tempo suficiente de TV e rádio, mas isso não se concretizou. Ele vai ter muitas dificuldades durante a campanha eleitoral”, disse Pucci, em entrevista exclusiva à Jovem Pan.
Consolidação de Álvaro Dias
Candidato tucano à Presidência, Alckmin tentava acrescentar o PSC ao já inflado grupo que o apoia. Agora, vê o partido se somar à base de campanha de Dias, que é um de seus principais rivais na busca por votos na região Sul do País.
A coligação, apesar de reunir partidos pequenos e não acrescentar muito tempo de rádio e TV à campanha, é relevante para o senador Álvaro Dias, pois consolida uma candidatura que, até recentemente, era tratada como frágil, como aponta Pucci.
“Falava-se em uma possível desistência do senador e em uma possível aliança, inclusive, com o PSDB. Com essa coligação, ele traz uma dificuldade maior ao Alckmin na região centro-sul, onde os votos devem se dividir entre os dois, principalmente no 1° turno”, afirma.
Por outro lado, se a ausência do PSC traz dificuldades, o acordo do PSB com o PT pode ser favorável ao tucano. Com o partido dividido, tendo vários caminhos a seguir, Alckmin deve contar com o apoio de Márcio França em São Paulo.
“No PSB, cada Estado deve definir suas alianças informais. Então, diante do histórico de São Paulo, é bem possível que o Márcio França dê, sim, palanque ao Alckmin. O mais natural é que isso ocorra e que esse fenômeno não se restrinja a São Paulo, mas que se repita em vários Estados, e não necessariamente com o PSDB”, finalizou Pucci.
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