‘CPMF é tributação em cascata e ruim para atividade econômica’, dispara Arida

  • Por Jovem Pan
  • 21/09/2018 16h28 - Atualizado em 21/09/2018 19h49
NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO De acordo com o economista, o país pode crescer mais que o esperado no próximo ano.

O assessor econômico da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), Pérsio Arida, participou do Jornal Jovem Pan desta sexta-feira (21), apresentou algumas propostas do plano de governo do tucano e criticou o projeto de Paulo Guedes, economista da equipe de Jair Bolsonaro (PSL), que pretende voltar com um imposto parecido com o CPMF. “Eu não gosto desta proposta”, revela. “CPMF é tributação em cascata e é ruim para atividade econômica”.

Por ouro lado, de acordo com o economista, o país pode crescer mais que o esperado no próximo ano. “É claro que se o mundo piorar, fica mais difícil para gente. Se o mundo melhorar, ajuda. Certamente, o Brasil pode crescer 4,5%”.

Para Arida, o ideal seria que o futuro presidente tenha um plano confiável e sólido, capacidade política de articulação e confiança dos empresários e população “Pode ter certeza que volta a crescer muito rápido”, explica.

Segundo o assessor econômico, as principais frentes são combater o déficit público, fazer a reforma da previdência, realizar as reformas modernizantes, conseguir uma abertura comercial e preparar uma reforma do Estado para que ele “cuide do que interessa, que são saúde, educação e segurança”.

Outro ponto tocado por Arida foi a simplificação da legislatura orçamentária para torna-lá compreensível. “Garanto que a maior parte das pessoas que ler o relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) não vai conseguir passar da quinta página. As pessoas precisam entender a natureza da discussão”, diz.

O teto de gastos continuará da mesma forma imposta por Michel Temer, porque é “crítico e fundamental”, e o déficit público deve ser zerado em dois anos. “Adoraria dizer que dá para zerar [o déficit] em um ano, mas como muita coisa depende de emenda constitucional e lei, você precisa do efeito pleno dessa mudança que só acontece no segundo ano”.

Para esse problema, Arida sugere que o Brasil siga o resto do mundo, e comece a usar o IVA (Imposto de Valor Adicionado), porque “não é tributação em cascata, é cobrado no destino e também simplifica impostos”. A proposta da equipe tucana também envolve acabar com o ICMS. “É claro que isso não vai acontecer do dia para a noite. A substituição [dos impostos pelo IVA] será aplicada de forma gradual e pré-anunciada”, garante.

Outro projeto condenado pelo economista foi o de Ciro Gomes (PDT), que promete anistia aos devedores do Serasa e do SPC. “A proposta dele tem charme eleitoral”, dispara. De acordo com Arida, após os calotes nos bancos, os juros para os próximos devedores vai aumentar. “Se a anistia já foi feita uma vez, ela vai se repetir. E a conta fica para os bancos”, aponta.

Em relação aos bancos, Pérsio defende que a competição entre eles, inclusive internacionais, tem que aumentar. “Tem que acabar com essa história da necessidade do presidente da República aprovar a entrada de bancos estrangeiros no Brasil. Eles são mais que bem-vindos”, alerta.

Ainda de acordo com o economista, a reforma trabalhista foi um grande avanço, mas ressalta que as mudanças não vão aparecer do dia para a noite.  “As relações de trabalho estão mudando. Nós tínhamos um modelo de relações trabalhistas herdado de Getúlio [Vargas]. Precisa ver se ele não copiou do fascismo italiano”.

Quando questionado sobre o a privatização no Brasil, Arida deixou bastante claro que é a favor. “Brasil tem que deixar de ser Estado empresário. Não é privatizar só para obter recursos. É para diminuir as chances de corrupção e para o Estado focar no que interessa, que é saúde, educação e segurança. Além de, claro, para o mercado ficar mais competitivo”.

Por fim, sobre a previdência, o economista frisou que o país não pode ter critérios de aposentadoria que não reflitam a realidade demográfica – “felizmente, se vive mais” -, disse.  Além disso, sugeriu que o ideal para o Brasil seria um sistema único com o teto de pagamento baixo. “O problema não é a aposentadoria ser alta, é o país ser pobre”.

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