‘Excesso de gastos corrompeu a democracia e travou a economia’, diz economista de Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 18/09/2018 15h44 - Atualizado em 18/09/2018 20h11
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Jovem Pan 'A ideologia emburrece e a política também', diz economista de Bolsonaro Segundo Guedes, os economistas não estavam preparados para as transformações

Paulo Guedes, economista da equipe de Jair Bolsonaro (PSL), participou do Jornal Jovem Pan desta terça-feira (18) e classificou o descontrole dos gastos públicos como “um grande enigma”, como disse no passado o ex-presidente Tancredo Neves. “Uma vez eleito, a primeira frase dele foi: ‘É proibido gastar’. É natural que uma democracia emergente queira pedir gastos para saúde e educação”.

Para Tancredo, era necessário cortar privilégios para poder investir em educação, saúde e saneamento básico, ou seja, privatizar e fazer uma reforma do Estado. “Quando ele morreu, nós saímos fazendo as aventuras heterodoxas, e essas mensagens de transformações do Estado foram perdidas”, diz Guedes.

Segundo Guedes, os economistas não estavam preparados para as transformações e a classe política não soube decifrar o tal enigma, o que acabou causando a hiperinflação.

“O governo (Ernesto) Geisel gastou muito e financiou com divida, criando uma vulnerabilidade cambial. Logo depois, entra o governo figueiredo, que gastou muito e financiou com a emissão de moeda. Criou, tanto, a vulnerabilidade cambial, quanto a subida da inflação. No governo Sarney teve excesso de gastos financiado com moeda, fomos para hiperinflação duas vezes. Finalmente, quando entra o Fernando Henrique, ele muda a forma de financiamento. Ao invés de financiamento inflacionário é o endividamento em bola de neve”, analisa.

O economista ainda diz que quando se freia com a moeda mas deixa os gastos públicos soltos, a tendência é aumentar impostos, juros elevados e desemprego. “O excesso de gastos corrompeu a democracia e travou a economia”, alerta.

Por outro lado, as coisas não estão perdidas. “Foi um longo aprendizado. O lado construtivo é que nós aprendemos. Hoje, isso está, relativamente, percebido”.

“A ideologia emburrece e a política também. Isso porque as pessoas se apaixonam e começam a levar tudo para os extremos. Está havendo um grande aprendizado. Se usava mal a política monetária e se aprendeu a fazer. O último movimento foi tentar aplicar um teto de gastos, porque eles sobem descontroladamente, chegaram a 45% do PIB e os impostos subiram. São muitos impostos, os impostos são de níveis de países muito desenvolvidos e muito acima dos países emergentes”, criticou.

Para Guedes, estamos vivendo hoje a morte da velha política. “A governabilidade que vai ser construída daqui para frente é em novas bases. Ela não é o toma-lá-da-cá no congresso. Ela vai ser costurada em torno de um pacto federativo. É uma descentralização dos poderes. A recuperação do protagonismo da classe política. A classe não pode ficar só nas páginas policiais, trocando favores e tentando ter diretorias de empresas estatais para refinanciar as próximas campanhas”.

“O governo Temer conseguiu aprovar o teto, mas não fez as paredes, que são as reformas, então o teto vai cai. Tem candidato dizendo que o teto vai ser flexibilizado. Para nós será o contrário. Queremos construir os fundamentos fiscais para o teto ficar em pé. O teto é importante”, analisou Guedes.

O economista afirmou que a equipe está pensando nos três principais gastos: “O primeiro e maior gasto de todos é o problema previdenciário. Não é a toa que está todo mundo dizendo que precisa fazer a reforma da previdência”.

Guedes comparou a reforma a um avião cheio de bombas relógio indo em direção a uma montanha. “A primeira bomba é o tempo. A população está vivendo mais. Então, as pessoas estão pensando em como impedir que o país quebre a previdência antes do país ficar idoso”.

“A segunda bomba é uma arma de destruição de massa de empregos, que são os encargos trabalhistas. O sistema já está com dificuldades de financiamento, como os encargos são proibitivos. 56 milhões de brasileiros não têm carteira assinada. Eles vão envelhecer, vão pressionar a previdência e não contribuem. Para se criar um emprego para um brasileiro é preciso manter o outro desempregado, porque um custa dois, isso é um crime contra a geração de empregos”, ressaltou.

O terceiro problema é a fábrica de desigualdades: “O setor público tem salários muito maiores que o setor privado. Você está fabricando desigualdade. Da mesma forma que o BNDES fabricou desigualdade quando deu dinheiro para grandes empresários em detrimento das empresas pequenas e médias que estão abandonas, sem crédito. A mesma coisa acontece com a previdência”.

“Outro defeito que ela tem é um sistema que chamamos de repartição. O jovem contribui e o idoso pega o dinheiro e gasta. É como se um jovem tivesse que entrar em um avião que vai cair ali na frente para que o pai dele pule de paraquedas. Isso é um crime contra a geração dos jovens. Temos uma responsabilidade com as gerações futuras. Não é nada simples esse problema”, advertiu.

Apesar de Jair Bolsonaro e boa parte do congresso ser contra às privatizações, Paulo Guedes nada contra a maré. “A privatização não é uma privatização em si, não é nada ideológico. É uma transformação do Estado. Você completa essa transição para uma democracia emergente. O dinheiro tem que ir onde o povo está. Esse é o enigma que devorou a classe política brasileira”.

O economista também afirmou que Jair Bolsonaro não tem bastante tempo na TV e no rádio porque não aceitou aliança nos termos de governabilidade antigos. “A aliança será sistêmica e programática. Eu diminuo minha importância em todos os sentidos. Não adianta me atribuir uma importância que eu não tenho no processo politico. Importância quem tem é ele [Bolsonaro] como candidato, se dizendo contra esse tipo de politica que está aí”, finalizou.

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