“Não sou contra reforma trabalhista, sou contra esta reforma”, diz Ciro

  • Por Estadão Conteúdo
  • 17/07/2018 20h00 - Atualizado em 17/07/2018 20h09
GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, participa de encontro promovido pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos

O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, amenizou nesta terça-feira (17), em reunião com empresários na Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na capital paulista, seu discurso em relação à reforma trabalhista. Ciro afirmou que não se opõe uma reforma, mas que é contrário à matéria aprovada pelo governo de Michel Temer. O pedetista, que anteriormente havia prometido revogar o texto caso vença as eleições 2018, disse que, ao falar em “revogar”, fez uso de um “cacoete de professor”. “Não sou contra reforma, sou contra esta”.

“Essa reforma trabalhista, sem embargo de coisas boas, tem problemas. Ela trouxe ao mundo uma insegurança jurídica e insegurança econômica, e isso destrói o capitalismo. O meu compromisso é trazer essa bola de volta para o centro do campo e recolocar a discussão”, disse o ex-governador do Ceará. “Da proposta aprovada, 10% são coisas aberrantes. Você acha que sindicalismo critica o negociado sobre o legislado? Não, falam da situação da grávida em ambiente insalubre”, disse.

O presidenciável declarou ainda que seu compromisso com os sindicatos foi apenas de recolocar a discussão e disse achar razoável recolocar a possibilidade de uma contribuição sindical em acordos entre empregados e trabalhadores.

Na busca por alianças com legendas do centro, Ciro tem procurado reorientar seu discurso. No final de semana, combinou com lideranças do ‘Centrão’ que seus assessores econômicos iriam sentar para ajustar as propostas, principalmente na área econômica. A primeira reunião aconteceu nesta terça-feira, segundo um dos economistas que o assessora, Mauro Benevides.

Ao falar sobre sua política para investimentos, o pedetista disse ainda que pretende rever o teto de gastos para excluir os investimentos, a educação e a saúde. Ciro citou a experiência como governador do Ceará, onde seu governo fez um ajuste resguardando essas rubricas, e disse que é possível reproduzir isso no Brasil. “Minha maior urgência é fazer um ajuste fiscal severo. É melhor um sacrifício amargo agora porque aí viramos expectativas e o País pode pensar em crescer 5 pontos no ano seguinte”, defendeu.

Capitalizar o BNDES

Ciro Gomes afirmou ainda que estuda utilizar parte das reservas internacionais, cujo volume atualmente se aproxima dos US$ 380 bilhões, para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Os padrões mais conservadores dizem que seria necessário manter reservas no valor de um ano e meio de importações. Hoje, nossas reservas – salvo engano -, estão próximas de US$ 350 bilhões, então estudamos um tranche, US$ 160 bilhões, que poderia ser condicionado para a capitalização do BNDES”, disse o ex-governador do Ceará, que participa de encontro promovido pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na capital paulista.

Segundo o presidenciável, além de contribuir para diminuir o custo fiscal do carregamento de reservas, a proposta serviria para capitalizar o BNDES em um momento em que o Tesouro está muito “combalido”.

Ciro ainda comentou que esse crédito seria canalizado para os setores de infraestrutura e maquinário e que seria emprestado com contrapartidas. “Menos na questão do emprego e mais em determinadas condicionalidades fraternalmente estimuladas, como a de conteúdo nacional”, exemplificou. “Isso elimina crítica de que qualquer crédito ao setor de máquinas e infraestrutura é ‘bolsa-empresário'”.

O pedetista é o terceiro presidenciável recebido pela Abimaq, que já trouxe Manuela D’Ávila (PCdoB) e Aldo Rebelo (Solidariedade). Aos pré-candidatos, a entidade distribuiu um documento com as propostas para o setor.

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