No JN, Marina é pressionada sobre alianças incoerentes e fala em ‘governo de transição’

  • Por Jovem Pan
  • 30/08/2018 21h40 - Atualizado em 30/08/2018 21h47
Pedro Ladeira/Folhapress "Liderar não é ter todo mundo embaixo do mesmo guarda-chuva", disse a presidenciável

Nesta quinta-feira (30) aconteceu a quarta e última entrevista da série de sabatinas promovida pelo Jornal Nacional com os candidatos à presidência na eleição de 2018. A entrevistada desta vez foi Marina Silva, líder da Rede. Mesmo pressionada pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, ela defendeu o “diálogo” em inúmeras ocasiões, disse que pretende fazer um “governo de transição” como o de Itamar Franco e evitou assumir posições claras ao abordar temas polêmicos.

Um dos pontos altos da conversa aconteceu quando entraram no tema corrupção. Os jornalistas relembraram, por exemplo, que Marina disputou a eleição de 2014 na chapa de Eduardo Campos – mesmo ele e seu partido, o PSB, sendo citados em delações sobre recebimento de propina. Em seguida, apoiou Aécio Neves (então candidato do PSDB posteriormente denunciado em esquemas) no segundo turno.

“Hoje, com as informações que vieram com a Lava Jato, eu não teria declarado voto. Não votaria nem em Aécio nem em Dilma (Rousseff). Sobre o Eduardo, nós o perdemos. Morto não tem como se defender. Nem pagar, se for declarado culpado (…). Sou a única candidata que apoia a Lava Jato, a única que defende o Ministério Público”, disse.

Bonner perguntou se a situação mudou e se agora ela já adquiriu “mecanismos” para evitar ter esse tipo de surpresa. Também indagou se ela consegue convencer o eleitor de que é uma boa líder.

“Sim. Nós vamos governar o país dialogando com todos. Liderar não é ter todo mundo embaixo do mesmo guarda-chuva. Ninguém nunca experimentou isso. Só Itamar Franco. Assumiu em situação parecida. Não tinha base e conseguiu juntar pessoas de diferentes partidos. Vou ser também um governo de transição. Governar para que possa combater a corrupção, voltar a crescer e ser justo e bom a todos”

Respostas longas e desvio de temas polêmicos

Marina acabou se estendendo nas respostas e, para cumprir o tempo de 27 minutos, a bancada não formulou um número muito grande de questionamentos. Além dos já mencionados, foram abordados a reforma da previdência e a reforma trabalhista, a escolha de Eduardo Jorge (PV) como vice, o apoio que a Rede formou com partidos “tradicionais” da política brasileira (PT, PSDB e MDB) nas disputas estaduais e sua relação conflituosa com a bancada ruralista do Congresso. Em todos casos, a resposta foi a mesma: diálogo.

“Eu assumo posturas, sim. Se existe uma pessoa que assume, sou eu. Eu defendo a reforma da previdência e tenho diretrizes para ela que vamos debater ainda. Mas tem gente que se incomoda com essa ideia de debater. Quando alguém diz que vai debater, parece estranho. Em uma democracia deveria ser normal. O governo Temer tem feito sem debater, esquecendo-se do processo. Com a trabalhista aconteceu o mesmo”, afirmou.

“Eu e o Eduardo Jorge também nunca tivemos divergências termos programáticos. Algumas divergências, mas reconheço a soberania do meu programa em várias questões. Isso é típico da democracia. Não vejo incoerência. Incoerência seria fazer aliança por tempo de TV ou em troca de dinheiro (…). Com a bancada ruralista também vou discutir. Quando fui ministra do meio-ambiente, dialogava com todos os partidos e bancadas. Vou ser presidente e vou mostrar que é possível integrar ambiente e ecologia”.

Também participaram das sabatinas Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB).

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