De Xuxa ao ‘candidato do futuro’; entenda como Marlene Mattos entrou para a política

  • Por Eduardo F. Filho/ Jovem Pan
  • 21/09/2018 10h00 - Atualizado em 21/09/2018 10h28
Divulgação Globo Marlene Matto na época em que dirigia o programa da Xuxa Meneghel

Diretora dos programas da apresentadora Xuxa Meneghel por mais de 20 anos, Marlene Mattos é a nova integrante da “pequena equipe” do candidato ao governo de São Paulo Marcelo Cândido (PDT) – um dos últimos colocados nas pesquisas de intenção de voto.

Aposentada da direção de programas, ela afirma não querer mais dirigir e que nunca havia se interessado por politica na vida. “O dia-a-dia leva a gente para lugares que a gente não imagina”, diz.

Marlene exerce a função de Media Training na campanha do candidato. Ela o prepara para entrevistas, debates e até mesmo decide qual peça estarão em seu guarda-roupa. Além disso, ela também está com uma produtora que tem como objetivo lançar e revitalizar carreiras. “Eu quero orientar a carreira de pessoas que estão começando agora e revitalizar e reposicionar a carreira de pessoas que não estão no mercado, mas podem voltar”, afirma.

Mesmo avessa a entrevistas, Marlene topou conversar com a Jovem Pan. Segundo ela, Cândido é o “candidato do futuro” e que ele sabia sobre a possibilidade da derrota quando entrou na corrida eleitoral. Confira:

JP: Como que você chegou até o candidato Marcelo Cândido?

MM: Eu cheguei até ele através do Paulão, Paulo Monteiro – Coordenador de campanha – ele é músico, cantor e somos parceiros em uma produtora. O Paulão, que estava para lançar um CD com a gravadora, me disse que teria que adiar o lançamento por que estava entrando em uma campanha política. Eu não conhecia o Marcelo, ele me falou um pouco dele e disse que era uma campanha pequena, com poucas pessoas e poucos recursos, mas que ele queria fazer e queria ajudar. Eu sou muito curiosa e queria saber mais, comecei a perguntar várias coisas, mas quando ele me disse que o Marcelo era o primeiro candidato negro eu quis conhecê-lo. E o Paulão fez essa ponte entre nós. Alguns sites divulgaram que foi por conta da minha amizade com a Giselle Bezerra (Companheira do candidato à presidência, Ciro Gomes, do PDT) mas isso é mentira, não tem nada a ver. Giselle é uma grande amiga minha, conheço ela há muitos anos, eu a escolhi, entre milhares de meninas, para ser uma das personagens do programa da Xuxa, mas isso não tem nada a ver com a minha entrada na campanha do Cândido. Se fosse por isso, eu estaria na campanha do Ciro.

Quando e como foi esse encontro?

Foi no dia 07 de setembro. Eu vim para São Paulo para fazer algumas coisas da minha agenda e aproveitei para conhecê-lo. Eu achei o Marcelo o candidato do futuro. Ele tem potencial, tem formação acadêmica, se importa com as pessoas e com a cidade, quer fazer coisas legais. Ele quer as pessoas tratadas de forma respeitosa, quer que as pessoas se conversem sem ódio quanto a raça, cor ou credo, que se entendam acima de tudo. O candidato que carrega tudo isso em si, é o candidato do futuro. Eu conversei com ele por muito tempo. Eu fiquei impressionada com o pensamento, a ideia e o projeto. Ele me contou toda a vida dele, desde o nascimento em Marília até ser prefeito de Suzano por duas vezes. Eu cheguei a perguntar sobre o que ele queria para São Paulo e ele me disse que considera a cidade como a melhor do mundo. No final do encontro liguei para o Paulão e me disponibilizei para ajudar na campanha. Eu queria ajudar o primeiro candidato negro que não se vitimiza por ser negro, ou por ser pobre e humilde. Eu queria ajudar esse cara que lê muito, é estudado e que conhece as necessidades desse estado gigante.

E qual é o seu trabalho na equipe?

Eu não considero como um trabalho, eu faço parte da pequena equipe, mas o coordenador é o Paulão. Eu faço a Media Training do Marcelo. Ele precisa de alguém que o prepare para os debates, para as entrevistas, para os jornalistas, como se portar e se comportar diante de uma câmera e etc. É um marketing pessoal. Tem coisas que favorecem e coisas que não favorecem as pessoas, e eu preciso saber o que mais favorece o Marcelo. Eu, por exemplo, prefiro o Marcelo com camisas mais claras, tento manter o corpo dele o mais ereto possível para a câmera, o corpo fala muita coisa e a postura dele também. O Marcelo é muito disciplinado, tudo o que eu falo para ele fazer, ele faz. Eu falo para ele tirar a blusa, colocar outra, dar uma lida em alguns textos, livros. Ele não é uma pessoa difícil de conduzir. Essa semana mesmo, eu pedi para ele cortar o cabelo, porque já estava ficando feio na televisão, ele foi na hora cortar.

Você é diretora de TV, foi diretora da Xuxa por muitos anos, imaginou que iria parar numa campanha politica?

É a minha primeira vez. Por mais que eu esteja em uma, eu não vejo como uma campanha politica. Estou trabalhando diretamente na imagem de uma pessoa que está concorrendo a um cargo politico. Eu sou apenas uma peça. Eu nunca imaginei nada das coisas que aconteceram na minha vida. Uma menina saída do Maranhão virar a primeira diretora de núcleo da Rede Globo. Até os 14 anos eu não tinha televisão na minha casa. As coisas vão acontecendo, e eu aproveito ou não, desperto ou não a vontade. Eu gosto de aproveitar as oportunidades que a vida me proporciona. Eu nunca me interessei por politica, nunca poderia imaginar que eu estaria numa campanha. O dia-a-dia leva a gente para lugares que a gente não imagina, mas acontece.

E a direção?

Parei. Não quero mais. Apesar de dar umas dicas para o pessoal daqui quanto a câmera e movimentação. Até porque, a minha especialidade é TV. Eu passei anos da minha vida fazendo isso, não tem como eu não dar pitacos. É o que eu sei fazer de melhor, eu acho. Mas eu não quero mais dirigir, às vezes eu chego nos lugares e alguém esta gravando, é difícil não dar sugestão, mas profissionalmente não da mais.

O Marcelo Cândido é um dos últimos colocados, a senhora acha que ele consegue subir nas pesquisas e se tornar o governador de São Paulo?

Eu perguntei um dia para ele, aonde ele queria chegar com tudo isso e ele me respondeu que ele queria que as pessoas soubessem quem ele era. Mesmo ele tendo sido prefeito de Suzano, isso é uma candidatura para o Estado de São Paulo. Ele queria ganhar visibilidade, experiência. Eu acho que ele já entrou sabendo… que sabe…

Que ele ia perder?

Não perder, necessariamente, mas ganhar a visibilidade e a experiência desejada. Que ele estaria debatendo com pessoas que estão nos três primeiros lugares. Você tem que entrar numa disputa dessas para ganhar, mas nem sempre é a cadeira que se ganha. Tudo o que é grande hoje, começou pequeno.

E agora, Marlene, como está a sua vida?

Está muito boa. Estou com essa produtora, junto com o Paulão, que faz shows, lançamento de carreiras, revitalização. No momento, depois de acabar com a corrida eleitoral, vamos gravar o disco e formatar o show do Paulão. Mas eu tenho várias pessoas e contatos do ramo que me pedem ajuda e eu quero atender todos eles, preciso sentar com o Paulão e profissionalizar essas coisas direito. Eu quero orientar carreiras de pessoas que estão começando agora e revitalizar e reposicionar a carreira de pessoas que não estão no mercado, mas podem voltar.

Tem alguém em mente?

Tenho, mas não vou falar. A gente tem que surpreender.

E sobre a Xuxa? Ainda tem contato com a rainha dos baixinhos?

Sobre esse assunto, prefiro não comentar.

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