Doria diz que fez mais que Haddad em SP e promete que Covas “será um grande prefeito”
João Doria (PSDB) está a poucos dias de deixar o Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura no centro de São Paulo, para tentar assumir no ano que vem a principal cadeira do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi.
O quase ex-prefeito e pré-candidato ao Governo já prepara seu discurso, voltando a polarizar com o PT e as “esquerdas”, entre as quais inclui o vice-governador de Alckmin, Márcio França (PSB), que será seu adversário nas eleições.
Em entrevista exclusiva à Jovem Pan na manhã desta segunda (26), o tucano disse que tentará dar “continuidade” ao trabalho de seu padrinho político, Geraldo Alckmin, mas com um toque de “modernidade”. O prefeito aposta que “naturalmente” os debates em âmbito estadual e nacional vão se misturar ao longo ano.
Doria também prometeu que o quase prefeito Bruno Covas, seu vice, será um “grande prefeito” e uma “agradabilíssima surpresa” à frente da capital paulista até 2020. “Podem escrever”, sentenciou.
O prefeito também chamou de “anomalia” a regra eleitoral que o obriga a deixar a Prefeitura na próxima semana para concorrer ao governo do Estado.
Haddad
Questionado se considera que fez mais na Prefeitura em um ano e três meses que seu antecessor, Fernando Haddad (PT), em quatro anos, Doria assentiu: “a população sabe disso. Eu tenho evitado fazer esse tipo de estigma até em respeito ao Fernando Haddad, mas fizemos de fato”.
O prefeito citou obras de seu governo. Ele disse que criou vagas em creches para “42 mil crianças”, embora não tenha conseguido zerar a fila de mães que não têm onde deixar os filhos pequenos, como prometera na campanha de 2016.
Doria enumerou ainda a criação de “17 CTAs” (centros temporários de acolhimento), acolhendo “10.300” moradores de rua, com emprego a “2 mil”, e elogiou a informatização dos documentos da Prefeitura e a criação de sistema para agendar consultas pelo celular, além da redução da fila para a realização exames de imagem no sistema de saúde.
“Programas de gestão e de eficiência foram nossa boa resposta. Agora, somos rápidos. Nós fazemos bem e fazemos rápido ainda. Essa é a diferença. O PT faz mal e é lento”, discursou e comparou Doria.
“Plano B?”
Questionado se ainda se gabarita, como pedem alguns aliados, como “plano B” para a candidatura de Alckmin à Presidência, assim como Haddad é de Lula, Doria tergiversou e voltou a atacar o ex-prefeito petista – sobrando também para Márcio França.
“No caso do Haddad, plano B, ou plano A, ou plano C, se vier para a campanha vai perder de novo”, previu o tucano.
“O candidato do PSDB somos nós, por indicação do próprio partido. O candidato ‘B’ é o Márcio França, que é um candidato de esquerda e, hoje, vice-governador do Estado, vai disputar a sucessão dele próprio”, disse Doria.
Em outro trecho da entrevista, o prefeito reafirmou seu apoio a Geraldo Alckmin para a Presidência da República. Doria aposta na mistura entre os debates estadual e nacional. “Não há como você fazer uma defesa estadual sem fazer uma defesa nacional. Naturalmente o debate será ampliado do plano estadual para o plano federal”, disse.
“Podem escrever”
Doria foi questionado sobre entrevista que o seu vice e sucessor na Prefeitura, Bruno Covas, deu na última sexta (23) à Folha de S. Paulo. Bruno disse que adotará o estilo de seu avô e ex-governador, Mário Covas, em detrimento do modelo de gestão do atual prefeito. “Doria tem uma posição mais liberal, mas tudo é relativo”, disse Bruno.
João Doria minimizou a divergência e disse que o vice “tem que respeitar a sua origem e tradição”. “O Bruno está muito integrado conosco. O Bruno é um social democrata e ele tem que respeitar sua origem, tradição e o próprio sobrenome que tem”, declarou.
“(Bruno Covas) será um grande prefeito da Capital. Podem escrever que o Bruno será uma agradabilíssima surpresa à frente da Prefeitura da maior cidade do País”, garantiu.
Regra eleitoral
Criticando Márcio França, que tentará ficar no Palácio dos Bandeirantes com a caneta de governador nas mãos, Doria questionou a regra eleitoral que o obriga a Deixar a Prefeitura para tentar voos mais altos.
“Estranhamente o prefeito da cidade de São Paulo tem que deixar a Prefeitura para disputar a eleição, enquanto o candidato do governo mantém a candidatura no governo do Estado”, lamentou o prefeito. “Não é justo. Se eu tenho que deixar (o cargo), aliás o próprio Geraldo Alckmin também tem que deixar, o vice pode continuar e pode ser candidato? É uma anomalia legislação. Isso tem que ser corrigido para as próximas eleições”, defendeu.
“Continuidade”
O pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes traçou o discurso que vai ter em relação ao seu padrinho, Geraldo Alckmin: “continuidade” e “modernização” dando mais “espaço” às empresas.
“Vamos dar continuidade ao trabalho que ele fez e, ainda mais, modernizar e ter uma política liberal para permitir que o setor privado ocupe o espaço onde o Estado hoje ainda é preponderante e não tem necessidade”, afirmou Doria, prometendo focar as ações do governo em “saúde, educação, habitação, segurança pública e assistência social”.
Ouça a entrevista:
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