No último debate na TV, Doria busca eleitor de Bolsonaro; Skaf tenta linha ‘light’
A cinco dias do primeiro turno, os principais candidatos ao governo de São Paulo escolheram como o primeiro tema do último debate na televisão, realizado pela TV Globo, na noite desta terça-feira (02), um dos mais sensíveis ao eleitorado paulista: a segurança pública. Empatado tecnicamente nas pesquisas com Paulo Skaf (MDB), João Doria (PSDB) apostou num discurso mais incisivo, mirando as intenções de votos do eleitorado conservador, que hoje alavancam o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Skaf apostou em resposta “light”, visando inclusive potenciais aliados no segundo turno, caso as pesquisas se confirmem nas urnas no domingo.
Quando confrontados diretamente, tanto Doria quanto Skaf e o atual governador, Marcio França (PSB), terceiro colocado nas sondagens dos institutos, evitaram faíscas nas primeiras horas. Beneficiados por sorteio, inicialmente, Doria e Skaff falaram sobre saneamento básico no choque frontal. O mesmo ocorreu — neste caso, sem sorteio — entre França e Skaf sobre o déficit de creches. A única troca de golpes ocorreu entre Doria e França no penúltimo bloco, quando o tucano chamou o rival de esquerdista.
Assim como fizera nesta semana durante a campanha, quando surgiu que a Polícia Militar seria mais dura com criminosos, Doria mirou no eleitorado mais conservador. Em pelo menos cinco dobradinhas com o incógnito Rodrigo Tavarez, do PRTB — filiado ao partido de Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, usou o tempo para falar ao robusto eleitorado anti-petista do maior estado da federaçã . Os candidatos fizeram perguntas entre si cinco vezes, duas delas sobre saúde, uma sobre segurança pública, uma sobre drogas e a última sobre educação. Na reta final da campanha, aliados de Doria defendem que ele aproxime cada vez mais seu discurso ao do líder na pesquisa presidencial — inclusive em São Paulo –, Bolsonaro. Aliados, inclusive, têm lembrado nos bastidores que, sem 2014, São Paulo ergueu uma muralha de votos contra o PT, neste ano a rejeição tende a ser maior.
Márcio França (PSB) também tentou uma dobradinha com o candidato do PDT ao governo de São Paulo, Marcelo Candido. Na primeira oportunidade que estiveram frente a frente, Candido levantou a bola para França rebater a declaração de Doria sobre a polícia paulista. “Temos que prestigiar os policiais, mas isso não se confunde com violência solta”, criticou França.
Quando a arena esquentou, Luiz Marinho (PT) escolheu João Doria para falar sobre emprego, tema que foi sorteado. Marinho acusou o adversário, sempre com a retórica de que o “PSDB administra São Paulo há 24 anos” de que “Eduardo Cunha e o PSDB” impediram o governo Dilma de governar e acusou o governo de Michel Temer pelo desemprego. “Desastre foi o governo Dilma, do PT, seu partido”, rebateu o tucano.
Marinho retrucou, dizendo que Doria foi acusado por improbidade administrativa enquanto administrou São Paulo. Quando os dois deixavam o púlpito, já distantes dos microfones, o petista repetiu: “[Acusado] Três vezes, Joãozinho”, falou Marinho a respeito de denúncias contra o tucano. Foi a senha para Marcelo Cândido, usado como aliado do PT — ele foi filiado ao PT no passado — subir ao ringue. Mas Doria lembrou que o ex-prefeito da cidade de Suzano é alvo de denúncias de improbidade e que teve um mandado de prisão expedido contra ele. Candido pediu direito de resposta, mas sem sucesso.
A eleição em São Paulo segue aberta. Mas, no maior colégio eleitoral do país, o voto anti-PT pode ser decisivo nas urnas.
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