Analistas debatem em Bamaco como salvar os míticos manuscritos de Timbuktu
Bamaco, 29 jan (EFE).- Especialistas do Mali e de vários países debatem desde esta quarta-feira e durante três dias em Bamaco como preservar e ao mesmo tempo explorar os míticos manuscritos da cidade de Timbuktu, salvos da destruição dos jihadistas quando ocuparam o norte do Mali em 2012.
Trata-se de quase 350 mil manuscritos que datam dos séculos XIII ao XVII, quando Timbuktu era uma cidade-chave no tráfego humano e de mercadorias entre o mundo árabe e a África negra, um período no qual a cidade se destacou por sua concentração de eruditos, que escreviam quase sempre em língua árabe obras de religião, literatura, ciências, leis e matemática.
O clima extremamente seco em Timbuktu permitiu uma excepcional conservação dos documentos, encadernados com pele de camelo, mas sua saída apressada da cidade para salvá-los do fogo e seu armazenamento em Bamaco, uma cidade muito mais úmida, fez com que em dois anos os documentos tenham sofrido mais que durante vários séculos.
Graças à saída “clandestina” dos manuscritos de sua cidade original, os jihadistas só conseguiram queimar um número ínfimo: 4.200, segundo se evidenciou no congresso, uma perda “menor” comparada à demolição de 14 mausoléus da cidade, considerados lugar de adoração idólatra pelos jihadistas.
“Os crimes contra a cultura, a queima de livros e de manuscritos são a marca visível da pior das agressões contra a dignidade humana e os valores que nos unem”, disse Lazare Eloundou, representante para o Mali da Unesco, entidade promotora do congresso.
“Por isso a Unesco está ao lado do governo do Mali para ajudá-lo a mobilizar a comunidade internacional para reconstruir os mausoléus e salvaguardar os manuscritos”, acrescentou Lazare.
Os diferentes especialistas estão estudando durante três dias o lugar idôneo para encontrar um refúgio definitivo aos manuscritos, pois não está claro que possam retornar a Timbuktu dada a extrema instabilidade que vive toda a região do norte malinês, apesar da saída da cidade dos grupos jihadistas no começo de 2013. EFE
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