Após extração de ovários de Jolie, oncologista explica consequências para o corpo feminino

  • Por Ítalo Fassin/Jovem Pan
  • 26/03/2015 18h22
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Angelina Jolie perdeu a mãe Divulgação Angelina Jolie perdeu a mãe

Na terça-feira (24), Angelina Jolie publicou um artigo no The New York Times que desencadeou mais uma polêmica na vida da atriz. Temendo ter câncer de ovário, a americana se submeteu a uma cirurgia para retirada dos ovários e das trompas de Falópio. “Perdi a minha mãe, avó e tia para o câncer”, disse Jolie no texto.

Em 2003, um mapeamento genético revelou que a atriz tem uma mutação no gene BRCA1, responsável por impedir o desenvolvimento de tumores. Os exames também apontaram que ela teria 87% de chance de desenvolver câncer de mama e 50% de ter câncer de ovário.

Probabilidades do câncer de mama e de ovário

Excetuando o caso específico de Angelina, o Dr. Ellias Magalhães, médico oncologista da Oncomed BH, afirmou ainda que não há estudos científicos consistentes que comprovem a superioridade desse tratamento sobre outras condutas mais conservadoras, como manter avaliações rigorosas com exames de imagem e sangue. “Pelo menos metade das pacientes com essas mutações não desenvolverão câncer de ovário e, por isso, o procedimento seria desnecessariamente indicado, deixando a mulher suscetível aos sintomas e doenças relacionadas à menopausa precoce”, explicou Dr. Ellias sobre o quadro geral das pacientes.

Diferentemente dos ovários, as mamas são órgãos com probabilidade muito mais alta para desenvolver o câncer e a indicação para sua retirada é menos controversa. “A retirada da glândula mamária não tem um efeito tão expressivo sobre a fisiologia do organismo”, afirmou o oncologista.

Consequências para o corpo da mulher

Uma das maiores preocupações após a cirurgia é como o corpo da mulher será afetado. Não interferindo substancialmente no funcionamento de outros sistemas orgânicos, pode-se optar por meios eficazes para preservar a estética feminina. “Geralmente se preserva a pele e o mamilo e uma prótese de silicone ocupa o lugar da glândula mamária retirada”, contou Dr. Ellias.

Já a retirada dos ovários, útero e trompas de Falópio afeta substancialmente o funcionamento do organismo. “O procedimento induz menopausa precoce, o que pode acarretar os famosos sintomas do climatério, como fogachos, ressecamento vaginal e da pele, além de distúrbios do humor, osteoporose e aumento do risco de desenvolver doenças cardiovasculares”, alertou o oncologista.

Cada caso é um caso

Apesar do consentimento geral de que a prevenção assistida é mais comum e recomendada do que a intervenção cirúrgica, Angelina Jolie assumiu as consequências estando ciente dos possíveis efeitos colaterais, além do que teve o acompanhamento médico regular. “Não é uma decisão fácil, nem tampouco é uma verdade absoluta. A decisão deve ser amplamente discutida entre médico e paciente”, priorizou o médico. De qualquer forma, a atriz chamou a atenção para uma decisão importante que deve ser tomada individualmente por cada mulher.

Discutidas as duas opções com seus respectivos médicos, fica definido que o tratamento cirúrgico é eficaz para se evitar o câncer em um cenário onde haja probabilidades de desenvolver a doença. Também outra forma de prevenir, segundo Dr. Ellias, é adquirir o acompanhamento clínico assim como o estímulo a hábitos saudáveis, como “evitar o álcool e o tabaco, a manutenção de um peso adequado, prática de exercícios físicos e dieta rica em alimentos de origem vegetal”.

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