Apresentação sensual de Jennifer Lopez vira tema político no Marrocos

  • Por Agencia EFE
  • 01/06/2015 17h03
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Javier Otazu.

Rabat, 1 jun (EFE).- Jennifer López se transformou em discussão política no Marrocos: seu show na última sexta-feira em um festival de Rabat e a transmissão ao vivo em rede pública de TV causaram a indignação de vários deputados, que nesta segunda-feira exigiram o um pronunciamento do ministro de Comunicação, Mustapha Khalfi.

O grupo parlamentar do Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD), que o governo lidera, exigiu hoje explicações do titular da pasta por conta da “transmissão televisiva de cenas que atentam contra o pudor público” e “com conotações sexuais”.

A primeira pessoa a manifestar seu desagrado foi o próprio ministro da Comunicação, que horas depois de ver as cenas de Jennifer López em horário nobre na TV, escreveu no Twitter que era “inaceitável” e “contrário à lei” a exibição de tal conteúdo na emissora.

Havia a expectativa de que J.Lo pudesse adaptar seu show ao Marrocos e fazê-lo de forma mais recatada, mas a ela manteve o estilo do espetáculo: pouca roupa e muitas partes do corpo à mostra nos sete figurinos que usou, dançando sem pudor, alisando o bumbum e andou de quatro pelo palco.

O show ainda nem tinha acabado e nas redes sociais já havia um rebuliço sobre a apresentação. Não se sabe a musa pop tomou conhecimento do caos que gerou em Rabat. Em suas páginas pessoais ela apenas agradeceu os 160 mil espectadores na plateia do show, que era gratuito.

J.Lo abriu a edição deste ano do Festival Mawazine Rythmes du Monde, o maior evento musical do Marrocos e o único a receber nomes internacionais, como Rihanna, Shakira e Justin Timberlake. Todos os anos algum ministro ou deputado islamita critica a “pornografia” ou a “imoralidade” que o envolve. O problema é que Mawazine é um festival que conta “com o alto patrocínio do rei Muhammad VI”, como é repetido antes do início de cada espetáculo. No dia da apresentação de Jennifer López, inclusive, a esposa de Muhammad VI, Lalla Salma, esteva na primeira fila com seus dois filhos, de acordo com o jornal “Alyaoum24”.

Os islamitas do PJD não se atreveram a criticar o festival, considerado o empenho pessoal do monarca, mas repreenderam o canal público “2M”, que há 14 anos exibe o festival. O partido considerou que a transmissão do show da diva americana infringiu dois artigos que regem o funcionamento da emissora pública: um relativo à moral e aos bons costumes, e outro sobre a proteção à infância.

A questão é que o “escândalo Jennifer” se soma a outro que ainda não passou: o filme do marroquino Nabil Ayouch, “Much loved”, que retrata a vida de quatro prostitutas de Marrakech. Há uma semana, o ministro da Comunicação anunciou que a exibição do filme nos cinemas do Marrocos estava proibida por ser contrário à moral e dar uma imagem falsa do país e da mulher marroquina.

Porém, quando os marroquinos viram J-Lo rebolando no palco questionaram: “Fomos proibidos de ver o filme de Ayouch, mas ela nos ensina tudo!”, disse Kautar, uma jovem funcionária de um restaurante.

Se na semana passada, Khalfi foi reprovado pelos progressistas por proibir o filme, desta vez precisará conter os mais conservadores, indignados com Jennifer López.

“Uma artista seminua, que dança coreografias com conotação sexual que provoca os marroquinos”, afirmou um texto publicado hoje no site do PJD. EFE

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