Autópsia virtual de Tutancâmon indica que morreu de problemas congênitos

  • Por Agencia EFE
  • 21/10/2014 12h21

Judith Mora.

Londres, 21 out (EFE).- A primeira “autópsia virtual” feita na múmia do mítico faraó egípcio Tutancâmon revela que ele não morreu em acidente de biga, como se pensava, mas por complicações derivadas de problemas de saúde congênitos.

O programa “Tutankhamun: The Truth Uncovered” (Tutancâmon: a verdade revelada, tradução livre), que será exibido pela emissora “BBC” britânica no próximo domingo, documenta os exames realizados por vários especialistas, que investigaram que o jovem faraó, que governou no século XIV a.C., tinha um pé torto e, por ter sido fruto de um provável incesto, sofria com vários problemas de saúde congênitos.

A “autópsia” consistiu na análise de 2 mil imagens digitais – como ressonâncias, tomografias e exames de raio-x – e testes de DNA, que indicam que o rei egípcio, que ocupou o trono de seus 9 ou 10 anos aos 19 (1.332 a.C. – 1.323 a.C.), nasceu do incesto entre irmãos, de quem herdou uma doença nos ossos.

Além disso, as imagens da cabeça e do corpo revelam que Tutancâmon tinha uma morfologia peculiar, com o lábio superior proeminente e quadris quase femininos, além da deformidade no pé.

As análises indicam que, por causa desse pé – que o impedia de caminhar sem a ajuda de uma bengala -, seguramente não estava capacitado para conduzir bigas, por isso se descartou que sua morte tenha ocorrido em um acidente com esse veículo.

Um buraco em seu crânio, que anteriormente foi atribuído a um golpe que poderia tê-lo matado – a teoria do assassinato – foi feito depois de sua morte, seguramente para introduzir resina durante o ritual de seu embalsamamento, afirmam agora os especialistas.

“Era importante comprovar sua capacidade para montar em uma biga e concluímos que isso não teria sido possível, especialmente por seu pé, pois não era capaz de ficar de pé sem ajuda”, declarou ao jornal “The Independent” Albert Zink, diretor do Instituto de Múmias da Itália.

Zink acredita que a causa mais provável de sua morte foi algum problema de saúde congênito, apesar de ter lembrado que o jovem rei teve malária, “por isso é difícil dizer se isso foi um fator importante em sua morte”.

O especialista advertiu, no entanto, que são necessárias mais análises genéticas, com amostras de seus antepassados, para estabelecer até que ponto seus problemas de saúde contribuíram para sua morte.

Em todo caso, a “autópsia” realizada na múmia do faraó de mais de 3 mil anos revelam que a única lesão anterior a sua morte foi no joelho, o que respaldaria a tese de morte natural.

Essa fratura “é um bom trauma” e aconteceu “pouco antes de sua morte e antes de ser embalsamado”, confirmou o radiologista egípcio Ashraf Selim, que também participou do programa da “BBC”.

Desde o descobrimento da tumba de Tutancâmon no Vale dos Reis em 1922 pelo britânico Howard Carter, a figura desse jovem faraó, apesar de sua importância não ser tão grande na história do Egito, gerou grande fascinação.

A análise de sua múmia permitiu conhecer melhor a antiga cultura egípcia, especialmente os ritos funerários da realeza, e também propiciou várias conjeturas sobre a possível causa de sua morte.

O assassinato cometido por um sucessor ambicioso e complicações derivadas de uma lesão sofrida em um acidente de biga, assim como os efeitos da malária, foram algumas das teorias que mais prevaleceram, que agora estão sendo refutadas por esta nova explicação que ressalta seus problemas de saúde hereditários.

Sobre o esperado documentário da “BBC”, o diretor da produtora STV Productions, Alan Clements, adiantou que é “uma história épica de investigação, que revela a verdade do menino por trás da máscara dourada”. EFE

jm/rpr

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.