Bebida típica sérvia de ameixas, sljivovica é a mais querida do país
Snezana Stanojevic.
Valjevo (Sérvia), 3 fev (EFE).- Seu sabor com toques de baunilha guarda a harmonia da fruta fresca e amadurecida, e para alguns paladares chega a superar o melhor conhaque ou uísque. Assim é para os sérvios a sljivovica, a aguardente de ameixa, bebida nacional única, que aquece a alma e o corpo.
Muitos na Sérvia acreditam que bebida cura doenças, e os sérvios desfrutam dela em qualquer ocasião, diariamente ou em festas, para brindar por sua saúde.
“Na Sérvia é considerada um aperitivo, embora seja uma bebida digestiva e é recomendada para depois das refeições”, explicou Nikola Vesic, produtor registrado de sljivovica em Valjevo, um importante centro sérvio de produção de ameixas, a oeste de Belgrado.
“É saudável, mas só se for consumida em quantidades moderadas, não se deve exagerar”, adverte Vesic. A sljivovica é consumida na Sérvia mais do que a própria fruta, como lembrou Vesic entre risos: “Não conheço pessoas que comam ameixa todos os dias, mas conheço quem as bebe”.
Com mais de 40 milhões de ameixeiras e uma colheita de meio milhão de toneladas anuais, a ameixa é a fruta mais comum do país balcânico, e 80% se usa para a produção da bebida, uma espécie de brandy.
A qualidade da ameixa sérvia é extraordinária, destacou o produtor, que contou que para a aguardente as melhores variedades são as autóctones, como a “madzarka” e a “trnovaca”.
Nas zonas rurais da Sérvia, quase não há família que não tenha alambique para produzir a bebida, e a grande maioria não o faz com fins comerciais, mas para uso próprio e em pequenos eventos familiares. A distribuição no país é reservada somente para fabricantes registrados.
“A melhor aguardente é feita com ameixas maduras que caíram sozinhas da árvore ou que caem ao agitá-la suavemente, pois contêm maior porcentagem de açúcar”, explicou o produtor.
As ameixas colhidas nas hortas são colocadas em cisternas ou tinas e ficam ali cerca de três semanas para a fermentação. A polpa fermentada é então levada à caldeira para sua primeira destilação. As evaporações alcoólicas seguem por um condutor e vão para outro recipiente do alambique em que são resfriados e transformados em líquido.
“Aí são colocadas de volta na caldeira de cobre para sua redestilação, e então se obtém a aguardente de ameixa redestilada, com a desejada força e qualidade”, disse o produtor detalhando a finalização do processo.
Na destilação se separa o “coração” do líquido chamado “rakija” (aguardente sérvia de qualidade), enquanto o primeiro e o último fluxo são eliminados por conter metileno, prejudicial à saúde.
De 10 quilos de ameixa se obtém em média de um litro da bebida que tem 50 graus de álcool, quantidade que pode variar dependendo da qualidade da fruta.
Uma boa sljivovica tem entre 40 e 50 graus de álcool e o preço varia entre 10 a 25 euros a garrafa.
Terminada a redestilação, a sljivovica fica repousando em tonéis de carvalho, que dão à bebida uma cor amarela, e onde desenvolve e harmoniza seus aromas tão característicos.
“Não existe um prazo para o amadurecimento, é questão de gosto e das possibilidades econômicas, porque é uma bebida que envelhece bem e fica melhor”, disse Vesic.
“Em geral, só sljivovicas de mais de dez anos de idade, envelhecidas em tonéis de carvalho, têm esse ligeiro sabor de baunilha. São de extraordinária qualidade e podem conseguir os máximos preços”, destacou.
Há um costume na Sérvia de enterrar um pequeno barril ou uma garrafa de aguardente quando nasce uma criança para consumi-la no aniversário dela, após 20 ou 30 anos de amadurecimento, o que mostra a alta qualidade da bebida. EFE
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