Beleza fria de “Ida” conquista Hollywood e rende 2 indicações ao Oscar
Redação Central, 15 jan (EFE).- Após conquistar as categorias de melhor filme, direção, roteiro, fotografia e de ganhar o prêmio do público pelo European Film Awards (Prêmios do Cinema Europeu), o filme polonês “Ida”, exibido inteiramente em preto e branco e com pouquíssimos diálogos, foi indicado nesta quinta-feira ao Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor fotografia.
Dirigido por Pawel Pawlikowski, também responsável pelo roteiro, juntamente com Rebecca Lenkiewicz, o filme foi indicado ao Globo de Ouro, mas perdeu para o russo “Leviatã”, com o qual disputa agora a estatueta.
O reconhecimento dos acadêmicos de Hollywood foi além das expectativas, pois, apesar de a indicação para a categoria de melhor filme estrangeiro já ser esperada, a segunda indicação, de melhor fotografia, foi uma surpresa. Não por falta de merecimento – ao contrário -, mas por ser incomum que filmes estrangeiros recebam mais de uma indicação.
As imagens em preto e branco são o suporte essencial para esta história, que apesar de devastadora é belíssima.
“Ida” é o nome verdadeiro de uma jovem noviça que vive em um convento/orfanato na Polônia desde bebê e que antes de fazer seus votos para se tornar freira é orientada a ir atrás de sua tia Wanda, única familiar ainda viva após a invasão nazista. A devoção da moça e os segredos guardados por sua tia são evidenciados ao longo da história e servem para que Pawlikowski aborde temas universais.
“É uma reflexão sobre identidade, sobre fé, sobre a história individual e sobre os vínculos familiares”, declarou o diretor em entrevista para a Agência Efe, durante a apresentação do filme em Madri.
Para Pawlikowski, o mais relevante é o fato de ela “ter uma fé muito forte, mas não a fé convencional: esta não é a lição do filme, mas sim a coerência da personagem”. E sobre a fotografia, feita por Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski, e o formato quadrado do filme, explicou: “eu não busquei beleza, queria fazer um filme que convidasse à meditação, por isso a fotografia e a forma tentam fugir do drama e das emoções brutais, e procuram o olhar distante e com outro tipo de paixão”.
“Reconheço que sinto nostalgia na Polônia daquela época, e por isso tentei modelar esse mundo idealizado, mágico, um pouco melancólico e, sim, muito belo”, acrescentou Pawlikowski.
Esta é a décima vez que um filme da Polônia é indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mas até hoje o país não levou este prêmio.
Além de “Ida”, outros quatro filmes foram indicados para a categoria de melhor filme estrangeiro: “Relatos Selvagens”, de Damián Szifrón (Argentina); “Leviatã”, de Andrey Zvyagintsev (Russia); “Tangerines”, de Zaza Urushadze (Estônia) e “Timbuktu”, de Abderrahmane Sissako (Mauritânia). EFE
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