Bélgica pedirá inclusão da batata frita como patrimônio imaterial da Unesco
Marta Borrás.
Bruxelas, 4 dez (EFE).- Ícone da gastronomia belga, a batata frita interrompeu disputas e uniu as diferentes regiões da Bélgica para pedirem que o prato seja declarado patrimônio cultural imaterial da Unesco.
O segredo das famosas batatas, segundo especialistas, se deve principalmente à qualidade do tubérculo cultivado na Bélgica, somado à gordura bovina usada para a fritura e à particular forma de cozimento, em duas fases.
O país, que conta inclusive com um museu dedicado à batata frita – o primeiro do mundo do gênero – defende que as famosas batatas são uma invenção nacional e considera que a “cultura da frita” merece ser reconhecida a nível internacional.
A ideia de apresentar a proposta à Unesco nasceu em Flandres, região ao norte do país, que em fevereiro inscreveu as tradicionais batatas na lista de seu patrimônio imaterial.
A comunidade de Valônia e Bruxelas, que representa os francófonos e a comunidade germanófona, deverá fazer o mesmo que Flandres em breve, segundo anunciou o ministro da Agricultura da região, René Collin.
“Trata-se de um passo necessário para poder apresentar o dossiê à Unesco”, explicou à Agência Efe Eric Etienne, porta-voz do ministro regional.
Collin argumenta que o reconhecimento internacional da cultura belga da batata frita “já é uma realidade” e que uma inscrição no patrimônio da Unesco “seria a consagração e um enorme orgulho”, segundo o porta-voz.
À parte da dimensão cultural, Bélgica acredita que esse reconhecimento dará um respaldo aos produtores de batatas e comerciantes e ajudará a atrair a turistas estrangeiros.
Do ponto de vista econômico, a batata frita é um negócio de peso. A Bélgica conta com 81 mil hectares dedicados ao cultivo da batata e produz cerca de 7 milhões de toneladas ao ano.
Além disso, no país há cerca 5.000 “fritkots”, estabelecimentos especializados em batatas fritas. Cada loja dessas vende, em média, cem pacotes de batatas, o que significa um consumo diário de 130 mil quilos.
O pedido à Unesco protagonizará este ano a “semana das fritas”, que acontece até o dia 7 de dezembro. Durante o período serão distribuídos gratuitamente cones com batatas fritas nos populares “fritkots” por todo o país.
Com o objetivo de reunir o maior apoio possível, a página www.semainedelafrite.be convida os cidadãos, com o slogan “Todos juntos por nossa batata frita belga”, a assinar um pedido para que o popular prato possa “entrar para a história”.
Muitos belgas estão convictos de que as fritas merecem esse reconhecimento. Nascido na Antuérpia, Koen Versavel, de 45 anos, acredita que pedir a inclusão na lista da Unesco “é uma ideia legítima”.
“É preciso saber fazê-las. Quando a temperatura da gordura e a fritura não são respeitadas, as batatas não ficam boas. Se as batatas fritas foram inventadas aqui na Bélgica é por alguma razão. Elas são excelentes, mas é preciso saber a qual estabelecimento ir”, disse.
Favorável à ideia de que o prato belga seja reconhecido pela Unesco, Ayi Hukuike, uma turista japonesa de 27 anos, disse à Agência Efe que acha curioso o costume de comer batatas fritas com molho, o que não é feito no Japão.
Cinco culturas gastronômicas já foram incluídas na lista de patrimônios imateriais da Unesco: a tradicional culinária mexicana, a dieta mediterrânea em países como Espanha e Itália, a gastronomia francesa, o “keskek”, prato cerimonial servido em regiões da Turquia, Grécia e Irã e a tradicional culinária japonesa. EFE
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