Brasil lembra centenário do nascimento de Dorival Caymmi

  • Por Agencia EFE
  • 04/05/2014 22h58
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Carlos A. Moreno

Rio de Janeiro, 30 abr (EFE).- Um concerto em sua cidade natal, um disco com algumas de suas composições e uma nova biografia são algumas das homenagens com as quais o Brasil lembra nesta quarta-feira o centenário do nascimento de Dorival Caymmi, cantor e compositor considerado “patriarca” para várias gerações de músicos.

Caymmi, nascido em Salvador em 30 de abril de 1914 e morto no Rio de Janeiro em 16 de agosto de 2008, é considerado um patriarca musical não só por ser pai de Acalanto, Dori e Danilo, assim como avô de Alice Caymmi, que seguiram com sucesso a carreira musical, mas por sua influência em várias gerações.

O autor de clássicos da música brasileira como “O que é que a baiana tem?”, conhecida mundialmente na voz de Carmen Miranda pelo filme “Banana na Terra” (Wallace Downey), e “Samba da minha terra” (Samba da minha terra), teve influência tanto no samba e na bossa nova como no “tropicalismo”.

Os sambistas não podiam deixar de homenagear o músico que decretou em uma de seus principais composições que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é: é ruim da cabeça ou doente do pé”.

O disco que deu origem à bossa nova, “Chega de saudade”, incluiu uma composição de Caymmi e um texto de Tom Jobim reconhecendo que o novo ritmo musical tinha recebido a bênção do “baiano”.

Os integrantes do movimento tropicalista, entre eles Caetano Veloso e Gilberto Gil, também apontam Caymmi, seu conterrâneo, como a grande referência musical.

Músicos da MPB, como Chico Buarque e Edu Lobo, igualmente admitiram a influência de Caymmi, assim como os intérpretes das músicas que animam o carnaval de Salvador, como Daniela Mercury e Ivete Sangalo.

Seu êxito se deu porque este músico e pintor descendente de italianos, influenciado pela cultura afro-brasileira, conseguiu transferir à música os hábitos, os costumes e as tradições de sua terra natal Bahia, o estado com maior influência negra do Brasil.

Caymmi, que cantou sobre o mar, os pescadores, as mulheres e os atardeceres, criou um estilo muito próprio de compor, de cantar e de interpretar no violão, caracterizado não só por seus versos simples mas também pela sensualidade e a riqueza musical, e que nasceu com suas chamadas canções com temas praianos.

A importância de um músico que desfrutou da amizade das grandes personalidades brasileiras de sua época, como o escritor Jorge Amado e o compositor e poeta Vinícius de Moraes, não permitiu que o centenário do nascimento passasse em branco.

Como parte das comemorações, a cantora Daniela Mercury oferecerá na noite de nesta quarta-feira um concerto em sua homenagem no Farol da Barra.

Os três filhos do compositor de “Morena de Itapuã” e “Maracangalha”, por sua parte, anunciaram novos destinos para a turnê na qual estão apresentando o disco “Caymmi”, que lançaram recentemente com canções pouco conhecidas do compositor.

Stella Caymmi, outra de suas sucessoras, lançou nesta semana o livro biográfico “O que é que a baiana tem?, Dorival Caymmi na Era do Rádio”, no qual analisa a obra de seu avô e inclui entrevistas com 70 personalidades.

A mesma autora lançou na segunda-feira uma nova edição da biografia “O mar e o tempo”, na qual incluiu textos de músicos que reverenciam o patriarca, como Caetano Veloso.

Dori Caymmi anunciou a edição de um songbook com toda a obra de seu pai e um concerto para fazer homenagem para o qual já confirmaram presença cantores como Chico Buarque e Gilberto Gil.

As comemorações prosseguirão por vários dias e para 24 de maio está previsto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro o concerto “Caymmi sinfônico 100 anos”, da orquestra Petrobras Sinfônica e os músicos Rosa Passo e André Mehmari.

Em 19 de julho será inaugurada no Centro Cultural dos Correios de São Paulo uma exposição especial organizada por Stella Caymmi sobre a obra do compositor, que deixou cerca de 120 canções e 20 discos gravados. EFE

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